São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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BB ainda não fez proposta pela Nossa Caixa

Equipe já terminou coleta e análise de dados, mas não chegou a uma proposta viável para oferecer ao governo paulista

Sete consultores divergem sobre valor de ativos como folha de pagamento dos servidores, conta única do Estado e depósitos judiciais

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
TONI SCIARRETTA

DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil ainda não apresentou sua proposta pela Nossa Caixa apesar de a equipe de trabalho, que envolveu mais de 80 pessoas e três consultores independentes - Merrill Lynch, UBS/Pactual e Accenture-, já ter praticamente encerrado a coleta e a análise de dados do banco paulista.
Segundo George Tormin, secretário-adjunto da Fazenda do governo paulista, é precipitado afirmar que o Banco do Brasil não concordou com as avaliações correntes dos principais ativos da Nossa Caixa, como a folha de pagamentos dos servidores, os depósitos judiciais e a conta do Estado.
"Ainda não sentamos para conversar sobre números. Devemos sentar nos próximos dias -tanto o pessoal que está nos assessorando quanto os que assessoram o BB e a Nossa Caixa. Estamos concluindo, ao longo desta semana, as avaliações. À medida que tivermos o sinal verde do outro lado [ BB], de que já estão "ok", nós devemos sentar para negociar", disse Tormin à Folha.
O secretário afirmou que o governo de São Paulo já tem um valor preliminar dos ativos do banco. O governo teve como consultores o Banco Fator e o Citibank, enquanto a Nossa Caixa contratou nas últimas semanas o JP Morgan e o Morgan Stanley para assessorar na avaliação. Ao todo, sete consultores estão debruçados nos números da Nossa Caixa.
Entre os pontos de divergência dos consultores estaria o valor da folha de servidores paulista, vendida no ano passado por R$ 2,084 bilhões e que motivou forte queda nas ações da Nossa Caixa. O BB gerencia os pagamentos em mais de dez Estados e não estaria disposto a pagar um valor superior ao que a folha paulista de fato agregaria ao banco.
Além disso, a exclusividade da folha de pagamentos só vai até 2012, quando finalmente o servidor poderá levá-la ao banco de sua preferência. Outro motivo de preocupação é com a capacidade de retenção de clientes do Santander, antigo dono da folha dos servidores paulistas. O banco adianta em cinco dias úteis o salário do servidor e afirma quem mantém relacionamento com 90% dos antigos correntistas.
De acordo com o secretário, o fato de a negociação envolver troca de ações também não diminuiu o interesse do Estado no negócio. "Não afeta [a negociação] a forma como vai ser feita. Trata-se de uma incorporação, então prevê a troca de ações entre as duas empresas. Como vai ser transformado em dinheiro, vai depender da forma de negociação. Também será um dos pontos abordados."
Questionado sobre quando deverá se reunir com o BB, o secretário se limitou a afirmar que será quando o banco federal estiver pronto para isso. "Depende muito da posição do BB. Ele vai ter de dar o sinal verde. Estamos aguardando a proposta. É uma operação complexa. [O negócio] depende de qual o valor o BB vier a oferecer. Se for um bom negócio para o governo do Estado, será conduzido", disse.
Para Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Ratings, o governo Serra sabe que o BB não tem outras oportunidades para crescer em São Paulo, por isso exigirá um valor alto pelo banco. O analista afirma que é natural que a incorporação atrase em relação ao previsto. "Está emperrada, mas também estava indo muito rapidamente. A Nossa Caixa não é um banco pequeno. Tem todo um conjunto de elementos que o comprador tem de analisar e digerir", disse.


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