São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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POLÍTICA MONETÁRIA

Estimativa considera dólar a R$ 3,20 e consta na ata da reunião do Copom que manteve juros em 18%

BC prevê aumento de 4% para a gasolina

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O preço da gasolina deverá subir 4% para o consumidor até o final do ano, segundo projeção feita pelo Banco Central. A alta do dólar e o aumento do preço do petróleo no mercado internacional são apontados como os motivos para o reajuste.
A estimativa consta na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que, na semana passada, manteve os juros básicos da economia em 18% ao ano. No documento, divulgado ontem, são mostradas as razões que levaram à manutenção da taxa e retirada do viés (tendência) de baixa dos juros.
No total, o conjunto de preços administrados e monitorados -que inclui combustíveis e tarifas públicas- deve subir 9,3% neste ano, o que contribui para um aumento de 2,9 pontos percentuais no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
No mês passado, o Banco Central esperava que, no acumulado do ano, o preço da gasolina fosse recuar 0,8%. Agora, já aponta um aumento de 3,3%. "Essa revisão é resultado do repasse do aumento do preço internacional do petróleo e do novo patamar de câmbio", diz o documento.

Monopólio
Até 2001, a Petrobras possuía o monopólio no mercado de petróleo no país. Em compensação, a estatal recebia subsídios do governo, por meio de um instrumento conhecido por conta-petróleo, para que não promovesse fortes reajustes nos preços dos combustíveis. A diferença entre o preço externo e o da estatal ia para a conta. Se o preço da Petrobras fosse menor do que o internacional, o Tesouro tinha de bancar a diferença. Caso ocorresse o inverso, o ônus ficava com a estatal.
Desde o início do ano, foram promovidas duas mudanças nesse sistema. Uma delas foi a quebra do monopólio da Petrobras, com a permissão dada para que outras empresas explorassem o mercado de petróleo no Brasil.
Além disso, os subsídios dados à estatal foram cancelados, e decidiu-se que os preços seriam fixados com base na concorrência entre as empresas, de acordo com a variação do câmbio e da cotação do petróleo no mercado externo.
Num primeiro momento, a mudança levou a uma queda de aproximadamente 15% no preço da gasolina. Nos últimos meses, porém, a alta do dólar provocou vários reajustes. Desde que a cotação da moeda ultrapassou a casa dos R$ 3, não houve aumento.

Guerra
A situação se agravou com a possibilidade de uma guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, o que tem provocado um forte aumento na cotação do petróleo. Nas contas do Banco Central, a manutenção do dólar na casa de R$ 3,20 levaria a um reajuste de aproximadamente 4% no preço da gasolina. O BC não diz quando exatamente esse reajuste deve ocorrer e utiliza essa projeção apenas para estimar qual seria a inflação deste ano.
O fato de o dólar ter chegado perto de R$ 3,80 nesta semana não significa necessariamente que o reajuste necessário seja superior aos 4% previstos pelo BC. Ao calcular o tamanho do reajuste, a Petrobras utiliza a cotação média do dólar de determinado período, o que ameniza o efeito de altas mais acentuadas como a de anteontem.
No último dia 20, por exemplo, o dólar já havia chegado a R$ 3,43, mas a cotação média do mês, até aquele dia, estava em R$ 3,18, segundo o BC. Ontem o dólar fechou cotado a R$ 3,663.


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