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TRABALHO
Taxa dessazonalizada recua de 7,4% para 7,2% com mais contratações sem carteira assinada e salários menores
Informalidade reduz desemprego em agosto
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De julho para agosto, o mercado de trabalho teve uma discreta melhora: a taxa de desemprego caiu um pouco, novas vagas foram criadas e o número de pessoas fora do mercado diminuiu. Essa pequena recuperação, no entanto,
deveu-se basicamente ao crescimento da informalidade.
Segundo a Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
o desemprego ficou em 7,3% em
agosto -fora de 7,5% em julho.
O resultado supera, porém, em 1,1
ponto percentual a taxa de 6,2%
de agosto de 2001.
Em relação a agosto de 2001, o
número de pessoas ocupadas
(trabalhando) cresceu 2,3%. O total de pessoas fora do mercado subiu menos: apenas 0,3%.
Descontados os fatores sazonais, a taxa de desemprego em
agosto foi de 7,2%, contra 7,4%
em julho.
De acordo com o IBGE, a melhora ocorre ao mesmo tempo em
que aumenta a informalidade. É
que as novas vagas têm sido criadas principalmente nos setores de
serviços e comércio. Esses ramos
são os que mais contratam sem
carteira assinada. Também são os
que pagam os menores salários.
Prova disso é o crescimento
maior das contratações sem carteira assinada do que as com registro formal -3,8% em agosto,
em relação ao mesmo mês do ano
ano passado, ante 3,4% do emprego formal. Em meses anteriores, a diferença havia sido ainda
maior. De janeiro a agosto deste
ano, o número de empregados
sem carteira cresceu 4,1%, enquanto o dos que têm carteira assinada aumentou 1,8%.
"Está acontecendo há pelo menos três meses um processo de recuperação. O movimento, no entanto, ainda não foi capaz de compensar a retração de 2001 e do primeiro trimestre deste ano", disse
o economista Luís Suzigan, da
consultoria LCA.
Para Suzigan, é a indústria que
está liderando essa reação. O motivo, diz, é a ampliação tanto das
exportações como das substituições de importações, beneficiadas
pela alta do dólar. O câmbio, segundo ele, também beneficia o turismo interno, que tem impacto
indireto no setor de serviços.
Um cenário de crescimento da
ocupação, diz Suzigan, não tem
relação com a demanda interna,
que continua enfraquecida, refletindo na queda do rendimento.
Por setores, aumentou significativamente o número de trabalhadores no comércio e nos serviços (ambos 3,5%), na comparação com agosto de 2001. Diminuiu na construção civil (5%). Na
indústria de transformação, houve alta de 2,1%.
Para Shyrlene Ramos de Souza,
economista do IBGE, é melhor ter
mais informalidade do que mais
desemprego. Ela disse que o mercado de trabalho está reagindo,
apesar de ainda não ser do modo
ideal, pois os postos gerados são
de pior qualidade.
Mesmo dizendo que o mercado
de trabalho está melhor, Shyrlene
considera que não há espaço para
uma recuperação mais intensa
neste ano, por causa da crise financeira e das eleições.
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