São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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TRABALHO

Taxa dessazonalizada recua de 7,4% para 7,2% com mais contratações sem carteira assinada e salários menores

Informalidade reduz desemprego em agosto

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De julho para agosto, o mercado de trabalho teve uma discreta melhora: a taxa de desemprego caiu um pouco, novas vagas foram criadas e o número de pessoas fora do mercado diminuiu. Essa pequena recuperação, no entanto, deveu-se basicamente ao crescimento da informalidade.
Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego ficou em 7,3% em agosto -fora de 7,5% em julho. O resultado supera, porém, em 1,1 ponto percentual a taxa de 6,2% de agosto de 2001.
Em relação a agosto de 2001, o número de pessoas ocupadas (trabalhando) cresceu 2,3%. O total de pessoas fora do mercado subiu menos: apenas 0,3%.
Descontados os fatores sazonais, a taxa de desemprego em agosto foi de 7,2%, contra 7,4% em julho.
De acordo com o IBGE, a melhora ocorre ao mesmo tempo em que aumenta a informalidade. É que as novas vagas têm sido criadas principalmente nos setores de serviços e comércio. Esses ramos são os que mais contratam sem carteira assinada. Também são os que pagam os menores salários.
Prova disso é o crescimento maior das contratações sem carteira assinada do que as com registro formal -3,8% em agosto, em relação ao mesmo mês do ano ano passado, ante 3,4% do emprego formal. Em meses anteriores, a diferença havia sido ainda maior. De janeiro a agosto deste ano, o número de empregados sem carteira cresceu 4,1%, enquanto o dos que têm carteira assinada aumentou 1,8%.
"Está acontecendo há pelo menos três meses um processo de recuperação. O movimento, no entanto, ainda não foi capaz de compensar a retração de 2001 e do primeiro trimestre deste ano", disse o economista Luís Suzigan, da consultoria LCA.
Para Suzigan, é a indústria que está liderando essa reação. O motivo, diz, é a ampliação tanto das exportações como das substituições de importações, beneficiadas pela alta do dólar. O câmbio, segundo ele, também beneficia o turismo interno, que tem impacto indireto no setor de serviços.
Um cenário de crescimento da ocupação, diz Suzigan, não tem relação com a demanda interna, que continua enfraquecida, refletindo na queda do rendimento.
Por setores, aumentou significativamente o número de trabalhadores no comércio e nos serviços (ambos 3,5%), na comparação com agosto de 2001. Diminuiu na construção civil (5%). Na indústria de transformação, houve alta de 2,1%.
Para Shyrlene Ramos de Souza, economista do IBGE, é melhor ter mais informalidade do que mais desemprego. Ela disse que o mercado de trabalho está reagindo, apesar de ainda não ser do modo ideal, pois os postos gerados são de pior qualidade.
Mesmo dizendo que o mercado de trabalho está melhor, Shyrlene considera que não há espaço para uma recuperação mais intensa neste ano, por causa da crise financeira e das eleições.


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