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Partido de Bush emperra acordo sobre plano
Após lideranças dos 2 partidos anunciarem compromisso pela manhã e animarem mercados, partido governista recua
Bush se encontra com Obama, McCain e líderes do Congresso na Casa Branca, mas reunião acaba com anúncio de impasse
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Poucas horas depois de lideranças dos dois partidos majoritários das duas Casas do Congresso americano anunciarem
que haviam chegado a um acordo sobre o pacote proposto pelo
governo para aliviar o mercado
financeiro, políticos republicanos vieram a público desmentir
o compromisso. A reação inesperada de parte de seu próprio
partido esvaziou reunião bipartidária convocada por George
W. Bush para tratar do assunto.
"Eu posso lhe dizer que não
acredito que tenhamos um
acordo", disse o senador Richard Shelby, do Alabama, ao
deixar a Casa Branca, no final
da tarde de ontem. "Ainda há
muitas opiniões conflitantes."
Republicano mais graduado
do comitê de bancos do Senado,
Shelby tem sido o principal crítico do plano que prevê, entre
outras medidas, gastos de US$
700 bilhões de dinheiro público
para salvar empresas em dificuldade por conta da crise.
A opinião, logo ecoada por
um grupo de republicanos conservadores da Câmara dos Representantes (deputados), jogou água no que havia sido programado pelo próprio governo
para ser o início da contagem
regressiva para a aprovação do
plano no domingo, antes da
abertura dos mercados, que ontem, animados com as perspectivas de aprovação do pacote,
subiram.
Esses deputados querem um
pacote de "livre mercado", com
diminuição de impostos e um
programa em que o governo
(no lugar de comprar os títulos
podres) financiaria o seguro
dos ativos problemáticos das
instituições financeiras -que,
em troca, pagariam um prêmio
ao Tesouro. Quanto mais problemático o título, maior será o
valor a ser pago ao governo.
Com o impasse, o secretário
do Tesouro, Henry Paulson, foi
ao Congresso na noite de ontem para tentar chegar a um
acordo, mas, após algumas horas, as negociações foram suspensas e devem ser retomadas
no final da manhã de hoje em
Washington.
No processo todo, muitos
disseram que a participação do
candidato republicano John
McCain não ajudou na negociação e atrapalhou o acordo. Ele havia anunciado anteontem que suspenderia sua campanha e pediu
que Bush convocasse uma reunião na Casa Branca para que
ele e seu oponente, Barack
Obama, mais as lideranças do
Congresso, discutissem a situação econômica. O presidente
aceitou, assim como o democrata.
Pela manhã, lideranças democratas e republicanas do Senado e da Câmara dos Representantes anunciaram que tinham chegado a um acordo básico sobre o pacote, classificado
pelo democrata Christopher
Dodd como "um compromisso
fundamental quanto a uma série de princípios". "Acredito
que vamos aprovar a legislação
antes que os mercados abram,
na segunda", concordou o senador republicano Bob Corker.
A proposta basicamente
atendia às exigências principais
do governo e incluía as levantadas pelos democratas ao longo
da discussão no Congresso. Entre elas, algum tipo de limitação
ao pagamento e compensação
de executivos das instituições
auxiliadas pelo governo e o recebimento de ações das empresas que terão dinheiro público.
Pelo novo esboço, os US$ 700
bilhões pedidos pelo Tesouro
para adquirir títulos podres ligados a hipotecas serão divididos em três partes: US$ 250 bilhões agora e US$ 100 bilhões
caso a Casa Branca considere
necessário. Os outros US$ 350
bilhões podem ser usados sem
aprovação do Congresso, que
tem 30 dias para se opor.
À tarde, essas lideranças,
mais a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, o
líder da maioria no Senado, o
democrata Harry Reid, e os
dois candidatos à Presidência
se encontraram com Bush. No
começo da reunião, o presidente disse que "esse encontro é
uma tentativa de levar o processo adiante. Minha esperança é que cheguemos a um acordo muito brevemente".
Então, em vez de Bush, Pelosi, Reid, McCain e Obama saírem pela porta da frente da Casa Branca, posarem para a foto
oficial e anunciarem que haviam chegado a um compromisso básico, os participantes
começaram a deixar a residência presidencial separados. Não
houve anúncio oficial, e democratas passaram a acusar republicanos de faltar com a palavra. "Eles precisam combinar
direito entre si", atacou o senador Dodd, na saída.
Logo, a porta-voz Dana Perino soltava declaração em que
procurava colocar panos quentes. "A Casa Branca e as lideranças do Congresso prometeram continuar trabalhando
juntas para finalizar o plano",
disse. "Há um senso claro de
urgência e um acordo quanto à
necessidade de estabilizar os
mercados financeiros e evitar
que uma crise financeira maciça afete a todos nos EUA."
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