São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Malan acha que compromisso do PT é para valer

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem considerar que a melhora do humor do mercado financeiro se deve à percepção, ainda que tardia, de que o país conseguiu realizar um "extremo ajuste nas contas externas".
O ministro afirmou, ainda que de modo indireto, que o mercado tem recebido melhor as propostas do PT.
Em referência às promessas do PT, Malan afirmou que "os sinais de vozes sensatas" de que "talvez os compromissos, que foram apresentados por escrito, talvez sejam para valer".
Segundo Malan, o déficit corrente do Brasil cairá para US$ 11 bilhões neste ano -contra US$ 33 bilhões em 1998-, principalmente por causa do aumento do saldo da balança comercial.
Assim como o presidente Fernando Henrique Cardoso, Malan criticou "os céticos" que dizem que as exportações só avançaram por causa do câmbio. Para Malan, o que houve foi um "extraordinário" ganho de competitividade.
Em relação à dívida externa, Malan voltou a dizer que ela "é perfeitamente administrável".
"O Brasil não tem necessidade de restruturação [da sua dívida]." Para Malan, a discussão sobre uma eventual renegociação da dívida só traz mais turbulência para a economia.
"Essa idéia é uma grande confusão. Há muita falta de conhecimento [dos investidores internacionais] em relação à dívida brasileira", disse.
Segundo ele, a dívida externa é toda de médio ou longo prazo e já foi renegociada.
Apesar das declarações de Malan, o futuro secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Arno Meyer, avalia que o mercado financeiro ainda não assimilou o "efeito Lula", embora as declarações da equipe do presidenciável petista nos últimos dias tenham contribuído para acalmar os investidores.
Meyer assumirá na próxima semana o comando da secretaria, que vinha sendo conduzida por José Guilherme Reis. Reis ocupará um cargo na OIT (Organização Internacional do Trabalho) em Genebra.
"Não acredito que o mercado já tenha assimilado o "efeito Lula". Na medida em que o governo eleito, der sinais claros do que pretende fazer e, se isso acalmar os mercados, aí sim haverá assimilação do novo governo", disse à Folha.


Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Brasil não vira Argentina, diz FMI
Próximo Texto: Opinião econômica: Deter o pacto da inflação
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.