São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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TRABALHO

Funcionários do setor privado e representantes dos bancos não conseguem pôr fim a impasse; negociação prossegue hoje

Fracassa acordo entre bancários e Fenaban

DA REPORTAGEM LOCAL

Após 30 minutos de reunião, fracassou a tentativa de acordo entre bancários e representantes da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) para encontrar uma saída para o impasse na campanha salarial da categoria. A reunião deverá ser retomada hoje.
A negociação que ocorreu ontem em São Paulo foi suspensa e marcada por "intransigência" das duas partes, segundo sindicalistas e representantes dos bancos.
Apesar do impasse, empregados e empregadores descartam recorrer à Justiça para resolver a questão, a exemplo do que ocorreu com os funcionários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Na última quinta-feira, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou reajuste de 8,5% para os bancários do setor público, além de pagamento de abono salarial de R$ 1.000.
A intervenção da Justiça foi pedida pela Contec (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito). A entidade tem o direito de representar nacionalmente os bancários, mas não representa a maioria dos sindicatos -que é filiada à CUT.
"Foi um desrespeito com os trabalhadores não haver proposta dos bancos após uma greve de 30 dias. Os banqueiros foram intransigentes em não negociar. Nosso objetivo é resolver a campanha, com um acordo legítimo", disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo. "Até porque cada sindicato teria de entrar na Justiça para pedir dissídio."
O sindicalista integra a Executiva Nacional Bancários, que comanda as negociações de mais de cem sindicatos ligados à CUT, que representam 400 mil bancários. Na reunião de ontem, a categoria reapresentou a proposta de reajuste de 19% e abono de R$ 1.500 aprovada em assembléias.
Para os representantes dos bancos, não adianta discutir de quem é a culpa do impasse. "Dizer que houve intransigência e imputar aos bancos esse fracasso é, no mínimo, uma atitude mal-educada. Se eles [os sindicalistas] erraram taticamente e fizeram uma greve fora de hora, é preciso ficar claro que negociação tem limite de custo e de tempo", disse Magnus Apostólico, coordenador das negociações da Fenaban.
A Folha apurou que os bancos admitem alterar a forma da proposta e incluir o pagamento de algum benefício extra, mas descarta fazer mudanças que onerem o custo total da proposta, como aumentar o percentual de reajuste ou incluir o pagamento de abono salarial. A Fenaban não confirma.
Os bancos mantêm a proposta feita aos funcionários durante três meses de negociação e já recusada pela categoria -reajuste de 8,5% e mais R$ 30 fixos para quem ganha até R$ 1.500. Acima desse valor, o reajuste é de 8,5%. Também está prevista na proposta PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no valor de 80% do salário mais R$ 705 fixos e vale-alimentação de R$ 217.

Metalúrgicos
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical) informou que fechou acordo para 7.500 trabalhadores de 22 empresas, após fazer paralisações em 27 fábricas do grupo 10 (que reúne indústrias mecânicas, estamparias, entre outras). O acordo, segundo a entidade, prevê pagamento de reajuste de 10% -4% de aumento real e reposição da inflação- a partir de janeiro e abono no valor de 30% do salário em novembro e dezembro. Os metalúrgicos do grupo 3 (autopeças) aprovaram acordo semelhante na semana passada. Já o grupo 9 (empresas de máquinas e eletroeletrônicos) volta a negociar hoje.
"Pensamos que, com a eleição de Paulo Skaf, para a presidência da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], as negociações seriam melhores, já que havia o discurso de mudança. Mas nada mudou. Aumento, só com greve", disse Eleno José Bezerra, presidente do sindicato.


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