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AVICULTURA
Produtores do Paraná lucram com epidemia aviária; Japão, Hong Kong e China compram mais do Brasil após doença
Gripe do frango aumenta exportação à Ásia
DIMITRI DO VALLE
FREE-LANCE PARA A
AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A epidemia da gripe do frango,
no sudeste da Ásia, colocou o Brasil como um dos maiores exportadores de carne da ave à região.
As remessas do produto para o
Japão, o principal atacadista asiático, cresceram 129% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o mesmo período de
2003.
A epidemia já rendeu R$ 326,5
milhões aos produtores brasileiros que exportaram ao Japão nos
oito primeiros meses de 2004. O
Paraná, o maior produtor nacional de carne de frango, exportou
26,5% do faturamento (R$ 86,7
milhões), segundo levantamento
da Federação das Indústrias do
Estado do Paraná (Fiep), feito a
pedido da Agência Folha.
Hong Kong, o segundo maior
distribuidor local, também aumentou suas importações da ave
brasileira. A elevação foi de 42%.
A ilha capitalista sob domínio chinês gastou R$ 95 milhões neste
ano -R$ 66 milhões de janeiro a
agosto do ano passado. Japão e
Hong Kong eram tradicionais
clientes da Tailândia, país com
um dos mais graves focos da
doença, chamada também de influenza aviária.
Mortes
A gripe do frango surgiu em dezembro do ano passado, o que
obrigou os produtores asiáticos a
sacrifícios em massa em seus
aviários. Entre o final de 2003 e setembro deste ano, 29 pessoas
morreram em contato com aves
contaminadas.
Missões de empresários japoneses começaram a vir ao Brasil, no
começo do ano, para conhecer a
estrutura das granjas. Voltaram
convencidos de que poderiam suprir seus mercados com a carne
brasileira.
"Nosso controle de sanidade
aviária dá plenas garantias de que
o frango está livre de doenças e temos um clima que evita o aparecimento de epidemias", diz Domingos Martins, presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias
Avícolas do Estado do Paraná).
"Já tínhamos investido [cerca
de R$ 300 milhões] para atender
às crescentes demandas interna e
externa. A gripe do frango acabou
surgindo como uma nova oportunidade."
Porta aberta
A demanda asiática por carne
de frango promoveu alterações
em outro ranking: o dos maiores
compradores continentais do
produto brasileiro. O Oriente Médio permanece em primeiro, mas
o sudeste da Ásia, que era o quinto maior comprador do produto,
agora já está em segundo lugar.
"O problema da gripe do frango
abriu uma porta ao Brasil. Com
certeza, as exportações não voltarão a cair porque os empresários
asiáticos puderam conhecer a
qualidade e a segurança do produto brasileiro", diz Germano
Vieira, assessor de Comércio Exterior da Fiep.
Até o começo do ano que vem,
uma delegação de empresários
coreanos chegará ao país para
uma nova rodada de negociações
com produtores brasileiros. Com
a posição consolidada em Hong
Kong, o objetivo agora é elevar
ainda mais os negócios para o
continente.
A Fiep organiza para março
uma viagem de empresários à
China a fim de divulgar a indústria aviária paranaense, entre outros setores.
A China continental também teve incremento na importação de
carne de frango após a epidemia.
Comprou cerca de R$ 500 mil do
produto entre janeiro e agosto de
2003 -R$ 16 milhões nos mesmos meses deste ano, ou seja, as
exportações brasileiras cresceram
2.949%.
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