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Exportadores acumulam crédito do
ICMS de até R$ 10 bi, afirma o Iedi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na queda-de-braço entre governo e oposição em torno das medidas de desoneração fiscal dos investimentos e entre Estados e governo federal pela compensação
tributária prevista na Lei Kandir,
as empresas majoritariamente exportadoras estão levando a pior.
Segundo estimativa do Iedi, os
exportadores já acumulam entre
R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões em
créditos do ICMS não reconhecidos pelos governos estaduais.
Muitas empresas já estão lançando tais créditos como perdas nos
seus balanços, segundo Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi.
A Fiesp e o Iedi apresentaram
ontem proposta ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para permitir o ressarcimento do estoque
de créditos do ICMS. Sugerem
que os Estados emitam títulos representativos dessas dívidas e os
entreguem às empresas que têm
créditos a receber. Esses papéis
seriam vendidos com desconto ao
BNDES, que os utilizaria para pagar seus impostos.
Diante do grande estoque de
créditos não honrados pelos Estados, a decisão adotada ontem pelo Confaz (Conselho Nacional de
Política Fazendária), de postergar
por um ano o reconhecimento
dos créditos do ICMS dos exportadores, "choveu no molhado",
segundo empresários. "Muitos
Estados já fazem isso", diz Cláudio Vaz, presidente do Ciesp
(Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo).
Segundo Vaz, a postergação dos
créditos do ICMS das exportadoras "corrói seu capital de giro,
pois o crédito é acumulado diariamente. Isso é perverso: essas empresas são responsáveis pelo atual
dinamismo das exportações".
Na sua opinião, as medidas do
Confaz -que no início do mês
também havia proibido a transferência de crédito do ICMS de um
contribuinte para outro- afetam
mais as empresas do que a celeuma em torno da "MP do Bem".
"MP do Bem"
A medida, que reduzia tributos
para uma série de setores da economia, não passou no Congresso
e governo e oposição tentam um
acordo para ressuscitá-la no bojo
da MP 255, que trata da tributação
sobre fundos de pensão.
Ela prevê a desoneração tributária dos investimentos, com isenção de PIS e Cofins na compra de
equipamentos para as empresas
que destinarem pelo menos 80%
de sua produção às exportações.
Isso afetaria principalmente os
grandes projetos nos setores de siderurgia e de papel e celulose.
"Esses projetos são de longo prazo de maturação e as empresas sabem que, mais cedo ou mais tarde, a desoneração será aprovada.
Elas estão tranqüilas", diz Vaz.
Cláudio Frischtak, presidente
da Inter.B, consultoria internacional de negócios, alerta que a demora em aprovar medidas de desoneração dos investimentos podem fazer o país perder a "janela
de oportunidade" aberta hoje para investimentos nos setores de siderurgia, mineração e celulose.
"Essa janela pode se fechar e só
reabrir dentro de seis ou sete
anos. O Brasil disputa projetos de
novas plantas nesses setores com
outros países que têm custo de capital menor e não tributam os investimentos", afirma.
Na maioria dos países, os investimentos não são tributados, como ocorre no Brasil, segundo Gilberto Amaral, presidente do IBPT
(Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).
Com a isenção de PIS e Cofins, o
custo dos investimentos cairia
9,25% -a soma dos dois tributos.
"Isso em projetos que envolvem
US$ 2 bilhões é muito dinheiro."
Hoje, as empresas compram os
equipamentos quando vão implantar ou ampliar uma fábrica, e,
após entrarem em operação, têm
24 meses para se ressarcir do pagamento de PIS e Cofins, abatendo dos tributos que incidem sobre
a produção. "Com a isenção, as
empresas terão ganho financeiro,
pois não terão de esperar tanto
tempo para se ressarcir."
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