São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Ação da Arcelor cai 7,4% após oferta da Mittal a investidores

Proposta, determinação da CVM, veio abaixo do esperado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta de recompra das ações da Arcelor Brasil, anunciada ontem pela siderúrgica Arcelor Mittal, decepcionou os investidores. Tanto que as ações ordinárias da empresa despencaram 7,42% na Bovespa e lideraram as perdas do pregão de ontem.
O preço oferecido pela Arcelor Mittal é de cerca de R$ 33 por ação. Ontem, os papéis da empresa terminaram vendidos a R$ 36,80. No mercado, especulava-se que a oferta ficasse em torno de R$ 45 por ação.
Adriano Blanaru, analista da Link Corretora, diz que, pelo preço de fechamento de ontem, "os minoritários mostraram que ficaram insatisfeitos com a oferta e que devem brigar por condições melhores".
Se todos os acionistas aceitassem a oferta e quisessem receber sua parte em dinheiro -há a opção de receber ações-, a companhia desembolsaria cerca de US$ 3,2 bilhões.
Em junho, a companhia de capital indiano Mittal Steel anunciou sua fusão com a européia Arcelor, em um negócio estimado em US$ 38 bilhões, criando a maior siderúrgica do mundo. A Arcelor Mittal detém cerca de 66% da Arcelor Brasil.
No entendimento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), após o negócio bilionário, a Arcelor Mittal ficou obrigada a fazer oferta aos acionistas da Arcelor no Brasil, que passaram a contar com o direito de "tag-along" -segundo o qual os direitos do controlador se estendem aos minoritários. Em outras palavras, os minoritários ganharam o direito de poder vender suas ações nas mesmas condições da operação entre as siderúrgicas.
"Entendo que a Arcelor Mittal nunca teve a intenção de adquirir as ações no Brasil. A baixa oferta feita pela siderúrgica deixa isso claro. E a empresa vai dizer agora que já cumpriu com sua obrigação, que era a de fazer a oferta", afirma Blanaru.
"Não entendo como alguém pode rejeitar a oferta. As pessoas têm que compreender que essa é uma oferta obrigatória, não voluntária", disse Aditya Mittal, vice-presidente financeiro da companhia, segundo a Reuters. "Acredito que a CVM entenderá que a oferta é justa."
A CVM havia dado um prazo, que ia até ontem, para que a empresa entrasse com o pedido para realizar a oferta. Antes de os minoritários recorrerem contra o valor da oferta, cabe à CVM avaliar se a proposta é justa. Segundo profissionais do mercado, isso pode levar cerca de um mês para ocorrer.


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