São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Bolívia já admite adiar acordo com Petrobras

Idéia seria assinar entendimento parcial até sábado, como Amorim havia sugerido

Temas específicos e mais controversos de novos contratos de exploração de gás entre o país e empresa seriam negociados depois


FABIANO MAISONNAVE
DO ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ

O governo boliviano já admite adiar o prazo de negociações dos novos contratos de exploração de gás e petróleo, que vence depois de amanhã, desde que seja para tratar de temas específicos. A idéia coincide com a proposta do chanceler brasileiro, Celso Amorim, de que a melhor solução, no caso da Petrobras, é a assinatura de um acordo parcial dentro do prazo, deixando os assuntos mais controversos para depois.
Dos 77 contratos com dez empresas multinacionais que precisam ser renovados até sábado, de acordo com o decreto de nacionalização, anunciado em maio, nenhum havia sido fechado até ontem, segundo o próprio governo.
"Vamos negociar com todas até a meia-noite de sábado", disse à Folha um funcionário do governo boliviano envolvido no processo, sob a condição de não ter a sua identidade revelada. "Com algumas, chegaremos a um final definitivo, e com outras, possivelmente não, mas apenas em temas pontuais. Se houver necessidade de ampliar, por alguma razão justificada, em algum tema específico, em seu momento isso será feito."
O funcionário disse que o governo ainda tem a esperança de fechar em definitivo todos os novos contratos até sábado.
Apesar da brecha, no caso da Petrobras, o principal impasse não tem nada pontual, já que a empresa brasileira tem se recusado a abrir mão de decisões empresarias para se transformar em prestadora de serviços para o Estado boliviano, como prevê o decreto de nacionalização. Outro ponto importante de discordância é o aumento tributário de 50% para 82% na comercialização do gás, já em vigor.
Ontem, continuaram as reuniões na YPFB (estatal boliviana) entre representantes do governo e das empresas. No caso da Petrobras, a maior empresa instalada na Bolívia, os encontros são realizados de duas formas: no nível mais alto, participam, do lado brasileiro, o presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, e o seu antecessor, Décio Oddone, atual gerente-executivo da estatal para o Cone Sul.
Os dois têm evitado dar declarações à imprensa, assim como representantes das outras empresas em negociação.
Do lado boliviano, participam os altos dirigentes do governo para área, entre eles o presidente da YPFB, Juan Carlos Ortiz Banzer, considerado um moderado no governo de Evo Morales e ex-gerente da Petrobras.
Há também o nível de comissões técnicas, que têm negociado os temas específicos dos novos contratos de exploração de gás natural.


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