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ANTT adia confirmação do leilão de rodovias federais
Agência aponta "complexidade da análise" de propostas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ANTT (Agência Nacional
de Transportes Terrestres)
adiou pela segunda vez a homologação do resultado do leilão
de rodovias federais. O novo
adiamento acontece após a divulgação de que a grande vencedora da licitação, a espanhola
OHL, enfrenta problemas para
concluir obras em seu país. A
agência promete divulgar o resultado em 1º de novembro.
De acordo com comunicado
divulgado pela agência reguladora, o novo adiamento se deve
à "complexidade da análise dos
documentos apresentados" pelas empresas. Da forma como
foi realizado o leilão, primeiro
as empresas apresentaram
suas propostas de preço para o
pedágio e, depois, a ANTT começou a fazer a análise da documentação técnica de quem
ofereceu as menores tarifas e
venceu a disputa.
Dos sete lotes de rodovias leiloados pelo governo para a iniciativa privada, a OHL ficou
com cinco. Entre as estradas
que serão administradas, com
cobrança de pedágio, pela empresa espanhola estão a Fernão
Dias (BR-381 entre São Paulo e
Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (BR-116, entre Curitiba e São Paulo). No total, ficou
com 2.078 km de estradas.
O resultado do leilão surpreendeu os concorrentes brasileiros e causou apreensão
dentro da área técnica do governo, que teme que a empresa
possa não cumprir suas propostas. No caso da Régis Bittencourt, a OHL apresentou propostas com deságio 65,43% em relação ao preço teto de pedágio estipulado pela ANTT - a
empresa espanhola se propôs a
cobrar R$ 0,997 no pedágio
(veículos simples).
Setores do governo avaliam
que as propostas da espanhola
poderão ser viáveis caso ela tenha feito uma avaliação de que
o tráfego nas rodovias será
maior do que o previsto anteriormente e ter levado em conta que seus custos administrativos serão bem menores já que
poderá utilizar sua estrutura
atual. A empresa detém outras
concessões no país.
Concorrentes
Caso a ANTT, depois da análise dos documentos, confirme
a vitória da OHL, empresas
brasileiras que participaram do
leilão deverão recorrer à Justiça. Para os concorrentes da espanhola, os preços de pedágio
vencedores são "inexequíveis".
Ou seja, com o valor cobrado de
motoristas não seria possível
fazer os investimentos em melhorias previstos no contrato.
"Não existe milagre. A diferença para o segundo colocado
chega a ser de 30%", afirma Danilo Pita, do consórcio PRC
Vias. Segundo Pita, na maior
parte dos lotes em que a OHL
ganhou, as propostas de preço
de pedágio são inexequíveis. O
executivo avalia que a ANTT
poderia usar a lei 9.648 para
avaliar se os preços são ou não
exeqüíveis e, caso se constate
que não são, cancelar o resultado do leilão.
A Folha conversou com outros executivos de empresas
que perderam para a OHL que
fizeram a seguinte análise: 1) a
empresa poderia estar fazendo
subsídio cruzado com outras
concessões ou 2) criando um
fato consumado -detentora da
malha rodoviária mais importante do país- para depois pedir ao governo incentivos, empréstimos ou reajustes extraordinários de tarifa. Procurada, a OHL não quis se manifestar sobre o assunto.
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