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VIZINHO EM CRISE
Lavagna, ministro da Economia, diz que o FMI impõe condições inaceitáveis para que o acerto não saia
Argentina recusa acordo "a qualquer preço"
DE BUENOS AIRES
O ministro argentino Roberto
Lavagna (Economia) afirmou ontem que o país não vai fechar um
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) "a qualquer
preço". Ele lembrou que a Argentina não cumpriu 15 dos 19 acordos que fez com o FMI e que o
país não vai mais fazer promessas
que não pode cumprir.
As declarações de Lavagna, que
está na França, são resultado da
crescente dificuldade de o país
conseguir chegar a um consenso
com os técnicos do FMI, que, na
avaliação dos argentinos, impõem condições inaceitáveis.
Entre os negociadores argentinos, a avaliação agora é que o FMI
está postergando uma definição
porque não tem a intenção de fechar um acordo com o governo
Duhalde, que deve deixar o poder
em maio. A troca de governo poderia, segundo essa avaliação,
comprometer o cumprimento
das metas acordadas com o FMI.
O próprio Lavagna não se cansa
de dizer que há condições técnicas para que se feche um acordo,
insinuando que o problema é a
falta de vontade política do Fundo
para fechá-lo.
Da Índia, Anne Krueger, vice-diretora-gerente do Fundo, fazia
avaliação contrária, ou seja, ainda
faltam ajustes técnicos para que o
organismo aprove um novo programa de ajuda à Argentina.
Lavagna começou ontem, pela
França, uma série de visitas que
fará na Europa. Ontem, o ministro afirmava que o propósito das
visitas será explicar aos europeus
a conjuntura econômica do país
que, na avaliação dele, começou a
melhorar nos últimos meses.
"No exterior, as análises eram
muito negativas. Se falava de hiperinflação, queda sem fim da
economia, agonia do sistema financeiro. A percepção estrangeira ainda está marcada por essa visão que foi desmentida pela realidade", afirmou Lavagna.
Mas o ministro terá também
que enfrentar as cobranças dos
governos e empresas europeus.
Sedes de várias das empresas
multinacionais que se instalaram
na Argentina na década de 90, os
países europeus devem "sugerir"
políticas que considerem adequadas para a Argentina.
Dois temas sensíveis para os europeus devem ser tratados pelo
ministro. O primeiro é a situação
das empresas européias do setor
de serviços públicos, que estão
com as tarifas congeladas há quase um ano -a inflação do período vai ultrapassar 40%.
O segundo tem a ver com a reestruturação da dívida. Na equipe
de Lavagna, a avaliação é que dificilmente se pode chegar a um
acordo com os credores privados
enquanto o país não regularizar
sua situação com os organismos
internacionais: há duas semanas,
o país deixou de pagar US$ 805
milhões ao Banco Mundial.
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