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AGROFOLHA
TECNOLOGIA
Produto criado pela Unicamp utiliza resíduos agrícolas, como a palha de cana, para produzir combustível
Bio-óleo vira alternativa ao petróleo
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Palha de cana, casca de arroz,
capim, casca de café, serragem,
enfim, resíduos agrícolas que
iriam para o lixo são a matéria-prima do bio-óleo, um novo combustível que pode se tornar uma
alternativa ao petróleo.
O óleo, desenvolvido por pesquisadores do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento
Energético), da Unicamp, está em
produção em escala piloto na Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do
Estado de São Paulo).
Uma das opções de aplicação do
novo produto é substituir o óleo
diesel na geração de energia em
usinas termelétricas, por exemplo. No entanto, segundo José Dilcio Rocha, pesquisador do Nipe,
essa seria apenas uma utilização
secundária, pois o nicho de mercado mais promissor para o bio-óleo estaria na substituição ao fenol petroquímico.
Hoje, o Brasil consome cerca de
60 mil toneladas de fenol por ano.
O produto é usado para a composição de resinas fenólicas (espécie
de cola industrial) utilizadas principalmente como ligas na produção de madeira compensada.
No mercado, a tonelada do produto fica em torno de US$ 750. O
bio-óleo desenvolvido pela Unicamp custa US$ 100.
A indústria alimentícia é outro
destinatário para a nova tecnologia, pois o óleo também pode ser
utilizado para dar sabor de defumado a alimentos.
"No Brasil essa aplicação é praticamente inexpressiva, mas nos
EUA e no Canadá há bastante espaço", afirma Rocha.
Especialistas informam que o
produto não é indicado como
substituto direto do petróleo como combustível para veículos. "O
teor calorífico é mais baixo que o
do petróleo, o que inviabiliza essa
aplicação", explica o pesquisador
do Nipe.
Processo de fabricação
Para a obtenção do óleo vegetal,
a matéria-prima- já beneficiada
sob a forma de pó fino- é submetida a uma temperatura de até
500ºC dentro de um reator. O
processo, denominado pirólise
rápida, transforma os resíduos
sólidos em líquido combustível.
"O Brasil é um país rico em biomassa. Ao transformarmos resíduos agrícolas em óleo, além de
criarmos um produto com alto
valor agregado, estamos produzindo um combustível ecologicamente correto", diz Rocha.
O objetivo dos pesquisadores é
estimular a construção de fábricas
em regiões vizinhas a usinas de álcool, papel e celulose ou de beneficiamento de arroz ou café.
Entretanto, o resíduo agrícola
de maior interesse para os pesquisadores é a palha da cana-de-açúcar. Com a intensificação da colheita mecanizada, o produto será
abundante -e até o momento
não tem aplicação industrial.
A Bioware, companhia que pertence a um pólo de empresas incubadoras da Unicamp, procura
parceiros para lançar o produto
em escala comercial.
Para a construção de uma unidade industrial com capacidade
de beneficiamento de 300 kg/h, é
estimado um investimento de R$
3 milhões com expectativa de retorno em dois anos.
ONDE ENCONTRAR - Bioware. Telefone
0/ XX/19 3788-4996
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