|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF prende 13 em uma das maiores redes de lojas do Rio
Operação Negócio da China aponta esquema de fraude em importações da Casa&Vídeo
Sonegação em dois anos pode chegar a R$ 100 mi; operação apreende ainda
80 carretas de mercadorias
de fabricação chinesa
ANDRÉ ZAHAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
A Polícia Federal prendeu
ontem 13 pessoas sob suspeita
de participação em um suposto
esquema de fraude em importações e sonegação fiscal envolvendo uma das maiores redes
varejistas do Rio, a Casa&Vídeo.
Cálculos da Receita Federal e
da PF estimam em R$ 100 milhões o montante sonegado em
dois anos. Um suspeito está foragido.
A operação, batizada de "Negócio da China", foi deflagrada
pela Polícia Federal em parceria com a Receita e o Ministério
Público.
Cerca de 500 agentes dos três
órgãos cumpriram 20 mandados de busca e apreensão e 14
de prisão temporária expedidos pela Justiça Federal. As
ações ocorreram simultaneamente em cidades do Estado do
Rio e em duas lojas do Espírito
Santo.
Os irmãos Luigi Fernando
Milone e Attílio Milone, proprietários da Casa&Vídeo, Samuel Gorberg, dono da importadora Asian Center, e os outros presos -como executivos
da empresa- serão indiciados
por formação de quadrilha,
descaminho, evasão de divisas
e lavagem de dinheiro, relatou a
Polícia Federal.
A operação apreendeu ainda
80 carretas de mercadorias de
fabricação chinesa em estoques
de lojas e no depósito da Casa&Vídeo, em Marechal Hermes, na zona norte do Rio.
Além das mercadorias, foram
apreendidos no Rio oito veículos blindados.
A investigação, iniciada há
dois anos, apontou um conluio
de empresas supostamente
controladas pelo mesmo grupo
da Casa&Vídeo.
Esse conjunto de empresas,
de acordo com a Polícia Federal, subfaturava a importação
de mercadorias da China para
pagar um valor menor de IPI
(Imposto Sobre Produtos Industrializados).
Além da sonegação, a operação investigou notas frias usadas para justificar serviços não-prestados que eram descontados dos impostos que a Casa&Vídeo pagava.
"As empresas eram uma extensão da Casa&Vídeo para facilitar esse tipo de organização
criminosa", disse o superintendente regional da Polícia Federal no Rio, Valdinho Jacinto
Caetano.
Uma terceira forma de burlar
a Receita seria simular que as
lojas da rede de varejo ficavam
em imóveis alugados de outras
empresas, quando, na verdade,
pertenceriam ao mesmo grupo
econômico.
Paraísos fiscais
A investigação rastreou 50
empresas. Segundo a Receita
Federal, a engenharia financeira das organizações foi feita de
forma a dificultar a identificação dos seus proprietários, que
seriam sempre as mesmas pessoas.
Algumas empresas, que inclusive emprestavam dinheiro
à rede de varejo para financiar
as importações, teriam contas
em paraísos fiscais como as
Ilhas Virgens Britânicas.
Segundo a Receita, a "blindagem" do patrimônio da Casa&Vídeo dificultou a execução
de uma dívida de R$ 40 milhões
dela com a União pelo não-pagamento da contribuição previdenciária dos seus funcionários.
"Essa dívida é difícil de ser
executada. Os sócios não são
identificáveis e os imóveis não
estão em nome da empresa,
apesar dos fortes indícios de
pertencerem a ela", disse a superintendente regional da Receita na 7ª Região Fiscal, Eliana
Polo Pereira.
Texto Anterior: Construção: Venda de prédio ao Santander eleva patrimônio da WTorre Próximo Texto: Outro lado: Empresa diz que sempre respeitou a lei Índice
|