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AGRICULTURA
Produção de implementos continua em alta; investimentos de US$ 220 mi entre 2001 e 2003 devem ser mantidos
Setor de máquinas agrícolas crescerá 18%
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor de máquinas agrícolas
crescerá, em média, 18,4% neste
ano, apesar da crise na economia
do país. O bom momento da agricultura brasileira, elevando a produção e conquistando novos mercados, beneficiou as montadoras,
que devem manter a previsão de
investimentos de US$ 220 milhões entre 2001 e 2003.
O maior risco para o setor agora
é a não-renovação do Moderfrota
-linha de crédito do governo para a renovação da frota agrícola.
Segundo a Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a perspectiva de crescimento para os próximos anos ainda deve se manter alta, motivada pelas conquistas da
agricultura do país.
Para o ano que vem, a previsão é
que o Brasil produza mais de 100
milhões de toneladas de grãos e
continue a se firmar no mercado
internacional como um dos principais produtores mundiais.
Além disso, a área cultivada deve
crescer, o que não acontecia há alguns anos. Isso, segundo as montadoras, é um sinal de que a produção e as vendas devem permanecer em alta.
"Crise? Que crise? Ela pode ter
passado por outros setores da
economia, mas certamente não
por nós, que trabalhamos com
agricultura", diz Pérsio Pastri, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações externas da CNH.
Até novembro, segundo os últimos dados da Anfavea, haviam sido produzidas mais de 48,8 mil
máquinas agrícolas. O número
está próximo da expectativa das
montadoras, que projetam a produção de 50 mil neste ano.
Esse resultado é seguido de perto pelas vendas do setor. Nos primeiros 11 meses deste ano foram
comercializadas 40 mil unidades
no país. A previsão é vender 42
mil máquinas, o que representaria aumento de 19,7% em relação
ao ano passado.
De acordo com Pastri, há uma
demanda reprimida por máquinas agrícolas novas e mais modernas. Para continuarem produzindo com boa margem de ganho, os
agricultores precisam trocar suas
máquinas antigas por outras mais
produtivas e econômicas.
A frota, que hoje tem média de
15 anos, está gradualmente sendo
trocada, graças a linhas de financiamento facilitadas e à relativa
estabilidade da inflação. Foi exatamente a falta dessas condições
que impediu, segundo Pastri, a renovação constante da frota, principalmente entre o fim da década
de 80 e meados da de 90.
Além disso, nos últimos anos,
diz Paulo Herrmann, diretor de
marketing da John Deere, a evolução tecnológica no campo elevou
a produtividade brasileira e capitalizou o agricultor. A partir daí, e
com linhas de financiamento
apropriadas, foi possível começar
a modernizar as máquinas em
busca de uma produtividade ainda maior.
Segundo ele, o que levou ao
crescimento do setor neste ano foi
a conjunção desses três fatores: a
capitalização do produtor, garantida pela safra recorde, a disponibilidade de boas linhas de financiamento e a demanda por máquinas mais produtivas.
Moderfrota
Para eles, entretanto, o maior risco no momento é a não-renovação do Moderfrota. Com recursos
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), o programa oferece dinheiro a juros fixos entre 8,75% e
10,75% ao ano para a compra de
máquinas agrícolas.
Desde sua criação, em 2000, o
governo já liberou mais de R$ 5,9
bilhões para o Moderfrota, o suficiente para renovar 26,6% da frota de colheitadeiras e 18,6% da de
tratores de rodas (as principais
máquinas em uso na agricultura).
"O novo governo deve renovar
o Moderfrota, pois está dando sinais de que considera a agricultura peça importante para o crescimento do país", diz Herrmann.
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