São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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AGRICULTURA

Produção de implementos continua em alta; investimentos de US$ 220 mi entre 2001 e 2003 devem ser mantidos

Setor de máquinas agrícolas crescerá 18%

JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de máquinas agrícolas crescerá, em média, 18,4% neste ano, apesar da crise na economia do país. O bom momento da agricultura brasileira, elevando a produção e conquistando novos mercados, beneficiou as montadoras, que devem manter a previsão de investimentos de US$ 220 milhões entre 2001 e 2003.
O maior risco para o setor agora é a não-renovação do Moderfrota -linha de crédito do governo para a renovação da frota agrícola. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a perspectiva de crescimento para os próximos anos ainda deve se manter alta, motivada pelas conquistas da agricultura do país.
Para o ano que vem, a previsão é que o Brasil produza mais de 100 milhões de toneladas de grãos e continue a se firmar no mercado internacional como um dos principais produtores mundiais. Além disso, a área cultivada deve crescer, o que não acontecia há alguns anos. Isso, segundo as montadoras, é um sinal de que a produção e as vendas devem permanecer em alta.
"Crise? Que crise? Ela pode ter passado por outros setores da economia, mas certamente não por nós, que trabalhamos com agricultura", diz Pérsio Pastri, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações externas da CNH.
Até novembro, segundo os últimos dados da Anfavea, haviam sido produzidas mais de 48,8 mil máquinas agrícolas. O número está próximo da expectativa das montadoras, que projetam a produção de 50 mil neste ano.
Esse resultado é seguido de perto pelas vendas do setor. Nos primeiros 11 meses deste ano foram comercializadas 40 mil unidades no país. A previsão é vender 42 mil máquinas, o que representaria aumento de 19,7% em relação ao ano passado.
De acordo com Pastri, há uma demanda reprimida por máquinas agrícolas novas e mais modernas. Para continuarem produzindo com boa margem de ganho, os agricultores precisam trocar suas máquinas antigas por outras mais produtivas e econômicas.
A frota, que hoje tem média de 15 anos, está gradualmente sendo trocada, graças a linhas de financiamento facilitadas e à relativa estabilidade da inflação. Foi exatamente a falta dessas condições que impediu, segundo Pastri, a renovação constante da frota, principalmente entre o fim da década de 80 e meados da de 90.
Além disso, nos últimos anos, diz Paulo Herrmann, diretor de marketing da John Deere, a evolução tecnológica no campo elevou a produtividade brasileira e capitalizou o agricultor. A partir daí, e com linhas de financiamento apropriadas, foi possível começar a modernizar as máquinas em busca de uma produtividade ainda maior.
Segundo ele, o que levou ao crescimento do setor neste ano foi a conjunção desses três fatores: a capitalização do produtor, garantida pela safra recorde, a disponibilidade de boas linhas de financiamento e a demanda por máquinas mais produtivas.
Moderfrota Para eles, entretanto, o maior risco no momento é a não-renovação do Moderfrota. Com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o programa oferece dinheiro a juros fixos entre 8,75% e 10,75% ao ano para a compra de máquinas agrícolas.
Desde sua criação, em 2000, o governo já liberou mais de R$ 5,9 bilhões para o Moderfrota, o suficiente para renovar 26,6% da frota de colheitadeiras e 18,6% da de tratores de rodas (as principais máquinas em uso na agricultura).
"O novo governo deve renovar o Moderfrota, pois está dando sinais de que considera a agricultura peça importante para o crescimento do país", diz Herrmann.


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