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FRAUDES DO CAPITAL
Seis empresas entram com processo nas Ilhas Cayman
Seguradoras pedem controle de companhias da Parmalat
DA REDAÇÃO
Seis companhias de seguro de
vida que emprestaram dinheiro a
duas subsidiárias da Parmalat sediadas nas Ilhas Cayman pediram
a um juiz que as ajudasse a recuperar seu dinheiro depois que o
grupo italiano de laticínios deixou
de pagar os empréstimos e pediu
concordata nesta semana.
Elas querem tomar o controle
de duas unidades da Parmalat
com sede no paraíso fiscal, a Food
Holdings e a Dairy Holdings, que
deixaram de pagar empréstimos
cujo vencimento foi no começo
do mês, disseram os advogados
das seguradoras em nota.
O comunicado, divulgado por
um escritório de Nova York, diz
que os empréstimos eram garantidos pela Parmalat. O montante
não foi informado, mas a nota
acrescenta que as seguradoras
querem ganhar o controle dos
dois "veículos para fins especiais"
criados pela Parmalat.
As seguradoras envolvidas são:
Jefferson-Pilot, Monumental,
New York Life Insurance and Annuity, Principal, Transamerica
Occidental e Transamerica.
O comunicado afirma que a petição não pretende punir a Parmalat ou impedi-la de salvar seus
negócios, mas, simplesmente, garantir que as seguradoras recebam seu dinheiro de volta.
"Os detentores das notas informaram a Enrico Bondi [que assumiu a presidência da Parmalat] e
a seus assessores que o desejo deles é trabalhar com a empresa para maximizar a recuperação de dinheiro, em benefício dos credores", segundo o comunicado.
A petição, apresentada na quarta-feira e anunciada na Itália ontem, foi divulgada no momento
em que a polícia removia grande
volume de documentos da casa
do fundador da Parmalat, Calisto
Tanzi, que, com outros 20 executivos da empresa, está sob investigação por possível fraude e outras
acusações relacionadas à suposta
falsificação de documentos.
Tanzi não foi visto na Itália nos
últimos dias e não apresentou defesa pública desde que surgiram
revelações sobre os prejuízos e o
quase colapso da empresa.
Mas Tanzi informou aos investigadores que está disposto a depor. As TVs informaram que
Tanzi ligou da Espanha para os
investigadores e alegou que não
está foragido e que precisava de
um tempo para descansar.
Desde que o escândalo surgiu,
tornam-se mais fortes os indícios
de que existe um imenso buraco
no balanço da empresa. Recentes
reportagens na Itália dizem que
um total de US$ 12 bilhões pode
ter sido subtraído das contas da
Parmalat, depois de até 15 anos de
falsificação de contabilidade.
A empresa pediu concordata
formalmente na quarta, e o Ministério da Indústria apontou
Enrico Bondi, indicado para a
presidência da Parmalat depois
que Tanzi foi deposto no começo
do mês, para desenvolver um plano de reestruturação.
O caso, apelidado de "Enron da
Europa", abalou as lideranças
empresariais italianas, que, por
anos, apontaram a Parmalat como orgulhoso símbolo das empresas sob comando familiar do
norte da Itália, que ajudam a propelir a economia do país.
A Parmalat disse na semana
passada que não tinha depósitos
de US$ 4,9 bilhões nas Ilhas Cayman, ao contrário do que afirmava seu balanço de setembro. Desde então, a estimativa de dinheiro
desaparecido das contas da empresa não pára de crescer.
O diário milanês "Il Sole-24
Ore" disse que um ex-executivo
financeiro da Parmalat, Fausto
Tonna, revelara aos investigadores que houvera falsificação sistemática na contabilidade por 15
anos e que ele obedecera às ordens de seus superiores.
A empresa, que fatura US$ 9,2
bilhões ao ano, tem 36 mil funcionários em 29 países.
Com a Associated Press
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