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CAMBIAIS
Moeda européia se valoriza ante o dólar e dá maior retorno ao investidor; fundos são tricampeões em rentabilidade
Duplamente beneficiado, euro dispara
SILVANA MAUTONE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com o dólar batendo recorde
atrás de recorde no decorrer de
2002, os fundos cambiais foram
os mais rentáveis do ano, com retorno médio de 60,83%. Mas a variação entre eles foi grande. Entre
os que apresentaram as dez maiores rentabilidades, o ganho ficou
entre 64,44% e 97,91%. Em 2001,
os cambiais também haviam sido
os mais rentáveis, com uma média de 24,86%. Em 2000, alcançaram o topo, com 15,72%.
Entre todos os fundos referenciados em câmbio, o que apresentou a maior rentabilidade foi o
Bradesco Deutsche Euro FIF, rebatizado de BD Euro FIF. Diferentemente dos demais, esse fundo,
que obteve ganho de 97,91%, não
é referenciado em dólar, mas, sim,
em euro, o que surpreendeu os investidores habituados a investir
apenas em fundos atrelados à
moeda norte-americana.
O fato é que o fundo se beneficiou quando o real se desvalorizou diante do dólar e quando a
moeda americana perdeu valor
ante o euro -em 2002, ele subiu
17,2% em relação ao dólar.
De acordo com Luiz Roberto
Zaratin Soares, diretor de renda
fixa da Bradesco Asset Management, ainda são poucos os investidores pessoa física que se interessam por fundos atrelados ao
euro. "A maior procura por esse
investimento no ano passado foi
por parte de empresas que tinham dívidas atreladas à moeda",
afirma.
Os fundos cambiais não dependem apenas da variação do euro
ou do dólar. Eles também fazem
aplicações em ativos que pagam,
além da variação cambial, uma taxa de juros. E essa taxa variou
muito. No começo de 2002, estava
abaixo de 10% ao ano, mas chegou a superar os 50%. Isso fez
com que papéis emitidos com taxas menores fossem desvalorizados no ajuste diário de seus preços, puxando o rendimento do
fundo para baixo, mesmo em momentos de alta do dólar.
Como a volatilidade do mercado foi contínua, no geral, os fundos cujos gestores foram mais
ágeis obtiveram melhores resultados. Outro ponto em comum entre os mais rentáveis foi a composição da carteira, recheada com
papéis de curto prazo. Isso porque, ao atualizar diariamente o
valor desses títulos, os que tinham
vencimento mais longo foram os
que mais perderam valor em razão do cenário de incerteza do
ano passado.
Prazos diferentes
Isso explica como fundos cambiais de uma mesma instituição,
na mão dos mesmos gestores, obtiveram rentabilidades muito diferentes. É o caso, por exemplo,
do Itaú. Um dos seus fundos cambiais, o Itaú-Matrix US Hedge,
apresentou o melhor desempenho na faixa de aplicação inicial
de até R$ 5.000, com ganho de
85,71%. Já outro fundo da mesma
categoria, o Itaú Cambial, rendeu
52,45% no mesmo período.
"O objetivo do Matrix é obter
uma rentabilidade muito parecida com a do dólar. Por isso, sempre trabalhamos com operações
de prazo curto, de no máximo 30
dias. No ano passado, essa política
acabou nos beneficiando", explica Mauro Morelli, superintendente de fundos derivativos do Itaú.
Já Itaú Cambial investe em operações um pouco mais arriscadas,
com prazo mais longo, que pode
variar entre um e dois anos.
Glauco Cavalcante, gestor do
Credit Suisse First Boston, diz que
a opção por trabalhar com papéis
com prazo de vencimento curto
foi fundamental para o fundo
CSAM Cambial, que em 2002 rendeu 80,48%. O prazo médio da
carteira foi de 30 dias.
Outro fundo que tem como característica fazer operações de
curto prazo é o FIF Boston Cambial. Segundo Mônica Dresbach,
diretora-adjunta de Renda Fixa
da BankBoston Asset Management, a política desse fundo é
manter o prazo médio do vencimento das operações em 21 dias
úteis. "Isso não significa que tivemos uma atuação passiva", diz
ela. "Em algumas ocasiões, deixamos até mesmo de vender alguns
papéis esperando o melhor momento para agir."
Para 2003, o mercado espera oscilações, mas de intensidade menor do que em 2002, ano considerado atípico. Os fundos cambiais
têm sido recomendados somente
aos investidores que têm ou terão
compromissos em moeda forte.
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