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REFERENCIADOS
Gestores assumem risco e incluem nas carteiras papéis de empresas, que oferecem rentabilidade superior à dos públicos
DI buscam mais ganho em título privado
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ainda que carreguem a fama de
mais conservadores do mercado,
os fundos DI não deixaram de dar
um susto nos investidores no ano
passado. Em maio, as cotas de alguns chegaram a sofrer desvalorização por conta das mudanças
nas regras de contabilização dos
papéis comprados pelos gestores.
Em junho, o saldo entre saques e
depósitos nos fundos DI foi negativo em quase R$ 9 bilhões.
Por norma do Banco Central, os
fundos DI são obrigados a ter pelo
menos 95% da sua carteira atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que acompanha a taxa de juros Selic. Como essas são posições pós-fixadas,
quando o governo eleva a taxa de
juros, o fundo ganha, mas, quando a taxa cai, o fundo rende menos do que as operações prefixadas.
Ao longo de 2002, a Selic manteve movimentos opostos. Na primeira metade do ano, ela passou
por uma tendência de queda. Começou 2002 em 19% e em julho
chegou a 18%. Em outubro, porém, pressionado pela escalada
do dólar e pela retomada da inflação, o BC voltou a elevar a taxa,
que encerrou o ano em 25% -e
agora foi reajustada para 25,5%.
Além da Selic, outro fator que
afetou o desempenho desses fundos foi a questão da "marcação a
mercado", essa sim a causadora
da queda da rentabilidade desses
fundos em maio.
"Com a incerteza em relação à
campanha eleitoral, os títulos públicos com prazo de vencimento
após as eleições foram desvalorizados pelo mercado", explica o
consultor Alexandre Póvoa.
Nova receita
No encerramento do ano, porém, os fundos DI, na média, obtiveram ganhos de 15,72%. Algumas estratégias, porém, fizeram
com que os fundos mais rentáveis
conseguissem uma valorização de
até quatro pontos percentuais acima da média.
Uma das mais adotadas foi a inclusão de títulos privados na carteira. Eles oferecem uma rentabilidade superior à dos títulos públicos, por terem um risco maior.
O mercado trabalha com a premissa de que o risco de uma empresa não honrar sua dívida é
maior do que o risco de o governo
fazer o mesmo.
O campeão na faixa até R$ 20
mil foi o Prosper Institucional DI
FIF, que rendeu 19,72%. Parte da
carteira foi aplicada em papéis
privados. Segundo Fernando Netto, gestor dos fundos DI do Banco
Prosper, outra estratégia que
trouxe benefício para o fundo em
2002 foi a compra apenas de papéis cujo vencimento fosse ainda
no governo Fernando Henrique
Cardoso. "Buscamos evitar o deságio causado pelo risco de moratória", diz. Risco, por sinal, dissipado nos primeiros dias do governo Lula.
O fundo BMC Renda Fixa DI
FIF, que obteve a maior rentabilidade entre os que exigem aplicação mínima até R$ 5.000, também
investe em papéis privados. Ele
rendeu 19,31%. De acordo com
Norival Wedekin, executivo da
BMC Asset Management, cerca
de 40% do patrimônio é aplicado
nesse tipo de papéis. "Fazemos
operações de curto prazo, no máximo 30 dias, e apenas compramos papéis classificados como de
baixo risco de crédito."(SM)
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