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AÇÕES
Quem apostou em papéis de empresas que negociam na moeda norte-americana escapou do naufrágio da Bolsa
"Blindagem" em dólar protege investidor
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Taxas de juros estratosféricas,
moeda desvalorizada perante o
dólar, pífio crescimento da economia e, ainda por cima, derrota
do candidato do governo nas eleições presidenciais. Essa conjunção de fatores contribuiu decisivamente para o fraco desempenho da Bolsa de Valores em 2002.
O Ibovespa, que mede as ações
mais negociadas na Bolsa de São
Paulo, fechou o ano em 11.268,4
pontos, com queda de 17%. Neste
ano, nos dez primeiros dias após a
posse do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, a Bovespa chegou a
subir 8,6%, embalada num discurso de austeridade fiscal e continuidade no processo de ajuste
econômico. Depois, voltou a cair.
Os fundos de ações, porta de entrada dos investidores de pequeno e médio porte na Bolsa, refletiram o ambiente de incertezas e
sofreram, em média, desvalorização de 11,12% em suas cotas, segundo o Labfin. Mas nem todos
perderam dinheiro.
"Sempre há setores que vão
bem, enquanto outros vão mal. O
papel do gestor é escolher as melhores empresas", diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, que administra dois dos
mais rentáveis fundos de ações de
2002, o Fama Futurewatch I e o
Fama Futurewatch II.
No ranking dos 30 fundos de
ações com melhor rentabilidade,
só dois sofreram desvalorização.
O maior retorno foi o do Skopos
HG, da corretora Hedging-Griffo,
com retorno de 46,43% para aplicações iniciais a partir de R$ 100
mil. Na faixa de até R$ 5.000, ganhou o Sudameris Dividendos,
com 28,23%. Até R$ 20 mil, o troféu ficou com o Dynamo Cougar,
da corretora Dynamo.
Dois campeões do ano passado,
o Itaú LAM Ace Upper Ações e o
BBM Dividendos figuram entre
os dez mais rentáveis. No total, só
dez fundos de ações conseguiram
esse feito. Chama a atenção o fato
de que os fundos vencedores têm,
em sua maioria, quatro ou cinco
estrelas. Ou seja, oscilaram bem
menos que os demais fundos de
ações do mercado.
Em certos casos, o comportamento reflete a estratégia do gestor. "A volatilidade do Dynamo
Cougar é menor do que a do Ibovespa. O investimento é de longo
prazo e nas empresas", diz Pedro
Damasceno, gestor do fundo.
Estratégia
O Dynamo Cougar, embora
aceite aplicações a partir de R$ 20
mil, não é aberto para qualquer
investidor, mas para os chamados
"qualificados", que atestam possuir investimentos superiores a
R$ 250 mil -mesmo caso do
Skopos HG. Em 2002, o Dynamo
Cougar obteve bons resultados
com papéis de empresas com receitas em dólar, como as exportadoras, ou cujas receitas em reais
estão atreladas a preços internacionais, como commodities.
O Skopos HG também "blindou" posições em ações com operações no mercado futuro de dólar. "Se havia risco político, protegíamos os papéis mais sensíveis",
diz Pedro Cerize, gestor do fundo.
A estratégia do Sudameris Dividendos, que aceita aplicações a
partir de R$ 1.000, foi a mesma
dos anos anteriores. "Buscamos
papéis de empresas que tradicionalmente pagam dividendos bastante elevados", explica Sandra
Petrovsky, gestora do fundo.
Para os gestores o ano começa
sob expectativa. Se as reformas
econômicas caminharem, a Bolsa
irá reagir bem. Caso contrário, os
juros devem permanecer altos,
prejudicando as cotações de várias empresas. (MG)
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