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São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

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AÇÕES

Quem apostou em papéis de empresas que negociam na moeda norte-americana escapou do naufrágio da Bolsa

"Blindagem" em dólar protege investidor

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Taxas de juros estratosféricas, moeda desvalorizada perante o dólar, pífio crescimento da economia e, ainda por cima, derrota do candidato do governo nas eleições presidenciais. Essa conjunção de fatores contribuiu decisivamente para o fraco desempenho da Bolsa de Valores em 2002.
O Ibovespa, que mede as ações mais negociadas na Bolsa de São Paulo, fechou o ano em 11.268,4 pontos, com queda de 17%. Neste ano, nos dez primeiros dias após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Bovespa chegou a subir 8,6%, embalada num discurso de austeridade fiscal e continuidade no processo de ajuste econômico. Depois, voltou a cair.
Os fundos de ações, porta de entrada dos investidores de pequeno e médio porte na Bolsa, refletiram o ambiente de incertezas e sofreram, em média, desvalorização de 11,12% em suas cotas, segundo o Labfin. Mas nem todos perderam dinheiro.
"Sempre há setores que vão bem, enquanto outros vão mal. O papel do gestor é escolher as melhores empresas", diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, que administra dois dos mais rentáveis fundos de ações de 2002, o Fama Futurewatch I e o Fama Futurewatch II.
No ranking dos 30 fundos de ações com melhor rentabilidade, só dois sofreram desvalorização. O maior retorno foi o do Skopos HG, da corretora Hedging-Griffo, com retorno de 46,43% para aplicações iniciais a partir de R$ 100 mil. Na faixa de até R$ 5.000, ganhou o Sudameris Dividendos, com 28,23%. Até R$ 20 mil, o troféu ficou com o Dynamo Cougar, da corretora Dynamo.
Dois campeões do ano passado, o Itaú LAM Ace Upper Ações e o BBM Dividendos figuram entre os dez mais rentáveis. No total, só dez fundos de ações conseguiram esse feito. Chama a atenção o fato de que os fundos vencedores têm, em sua maioria, quatro ou cinco estrelas. Ou seja, oscilaram bem menos que os demais fundos de ações do mercado.
Em certos casos, o comportamento reflete a estratégia do gestor. "A volatilidade do Dynamo Cougar é menor do que a do Ibovespa. O investimento é de longo prazo e nas empresas", diz Pedro Damasceno, gestor do fundo.

Estratégia
O Dynamo Cougar, embora aceite aplicações a partir de R$ 20 mil, não é aberto para qualquer investidor, mas para os chamados "qualificados", que atestam possuir investimentos superiores a R$ 250 mil -mesmo caso do Skopos HG. Em 2002, o Dynamo Cougar obteve bons resultados com papéis de empresas com receitas em dólar, como as exportadoras, ou cujas receitas em reais estão atreladas a preços internacionais, como commodities.
O Skopos HG também "blindou" posições em ações com operações no mercado futuro de dólar. "Se havia risco político, protegíamos os papéis mais sensíveis", diz Pedro Cerize, gestor do fundo.
A estratégia do Sudameris Dividendos, que aceita aplicações a partir de R$ 1.000, foi a mesma dos anos anteriores. "Buscamos papéis de empresas que tradicionalmente pagam dividendos bastante elevados", explica Sandra Petrovsky, gestora do fundo.
Para os gestores o ano começa sob expectativa. Se as reformas econômicas caminharem, a Bolsa irá reagir bem. Caso contrário, os juros devem permanecer altos, prejudicando as cotações de várias empresas. (MG)


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