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LEITE DERRAMADO
Dívida da empresa é oito vezes maior, afirma consultoria
Parmalat cria unidade para auxiliar a filial no Brasil
DA REDAÇÃO
Os interventores que administram o grupo Parmalat anunciaram ontem a criação de uma
"unidade de crise" para ajudar a
filial no Brasil, onde o pagamento
dos fornecedores não tem sido
efetuado no prazo.
Em comunicado divulgado ontem, os administradores, nomeados pelo governo italiano após a
eclosão da crise, afirmam que "a
atividade industrial do grupo se
estabilizou tanto em âmbito nacional quanto internacional".
No entanto "algumas exceções
têm sido registradas", diz o comunicado, ao indicar que os Estados
Unidos e o Brasil são dois dos países nos quais os pagamentos estão
sendo adiados por falta de condições da matriz. Em seguida, porém, a nota afirma que "já estão
em funcionamento unidades de
crise que têm como objetivo auxiliar os executivos locais para que
possam solucionar as necessidades financeiras e alcançar um
acordo com os bancos".
Também ontem foram revelados novos números relativos ao
último balanço divulgado pela
companhia italiana, no fim do
ano passado. Uma auditoria da
PriceWaterhouseCoopers, contratada pelos interventores, mostrou que a dívida líquida da Parmalat ao fim do terceiro trimestre
de 2003 era de 14,3 bilhões, quase oito vezes o valor inicialmente
divulgado ( 1,8 bilhão).
Os números do novo balanço
mostram outras distorções: o
Ebitda (sigla em inglês para lucros
antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou seja, geração de caixa operacional) nos
nove primeiros meses de 2003 foi
de 121 milhões, cerca de um
quinto do valor original.
O anúncio dos novos números
causou espanto nos mercados
porque, até meados de 2003, a
empresa ainda tomava emprestado grandes quantias dos principais bancos italianos e internacionais e porque ela era fiscalizada
por auditorias independentes.
Dois funcionários da unidade
italiana da norte-americana
Grant Thornton estão presos no
país sob suspeita de terem auxiliado os executivos da Parmalat a
praticar atos ilícitos nos anos 90.
A Deloitte & Touche, a principal auditora do grupo alimentício
desde 1999, também já foi nomeada como alvo de investigação pelos promotores do caso. Na semana passada, o escritório em Milão
da agência de classificação de risco Standard & Poor's foi visitado
pelos investigadores.
Crise no Brasil
Com cerca de 6.000 trabalhadores e oito fábricas, a Parmalat do
Brasil é uma das unidades mais
afetadas pela crise da matriz. Ela
já atrasou o pagamento dos fornecedores em ao menos quatro Estados: Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, Pernambuco e Goiás. Pagou aos produtores dos três primeiros no dia 16, mas ainda deve
R$ 1,8 milhão a cinco cooperativas do Estado do Rio.
Segundo a Parmalat, o pagamento às cooperativas depende
da liberação de R$ 7 milhões retidos pelo Banco do Brasil. A quantia foi bloqueada para descontar
juros devidos pela empresa.
O país ainda pode ter sido destino de parte dos recursos desviados pela matriz. Um dos principais contadores da Parmalat na
Itália, Gianfranco Bocchi, afirmou em depoimento que, se os
promotores quisessem encontrar
o dinheiro desviado, estimado em
10 bilhões, deveriam investigar
as operações do grupo no Brasil.
Com agências internacionais
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