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RECICLAGEM
Ação atinge 70% do lixo das cidades do litoral
Projeto da Embrapa reaproveita a casca do coco verde em Fortaleza
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Responsável por 70% do volume do lixo em cidades do litoral
brasileiro, a casca do coco verde
vai passar a ser reaproveitada em
Fortaleza, num projeto da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) financiado pelo
Banco Mundial, para preservar
uma das espécies vegetais ameaçadas de extinção no país, a samambaiaçu.
Fonte de onde se extrai o xaxim,
para a fabricação de vasos e ornamentos com flores, a samambaiaçu é uma planta herbácea que se
assemelha a uma palmeira, mas
que demora entre 50 e 100 anos
para atingir um metro.
Por causa de sua extração indiscriminada para a utilização na jardinagem e na floricultura, foi incluída pelo Conama (Conselho
Nacional de Meio Ambiente) na
lista das espécies em extinção.
Ao se transformar a casca do coco verde em pó e fibras, após processamento, espera-se que ela
possa substituir o xaxim, hoje ainda retirado da mata atlântica.
A pesquisa para a reciclagem da
casca do coco verde levou cinco
anos para ser concluída e foi motivada pelo grande volume de cascas que se acumula nos lixões das
cidades litorâneas, sem um destino alternativo.
Segundo a pesquisadora
Morsyleide Freitas, da Embrapa,
na época do verão, no Rio de Janeiro, por exemplo, as cascas de
coco verde representam 80% do
lixo. "Outra dificuldade é que cada casca demora de oito a dez
anos para se decompor, o que
agrava ainda mais a situação."
Com o projeto, será construída
uma usina para a transformação
da casca do coco, que tem de ser
triturada até se transformar em
pó e fibras. A meta do projeto é
que 15 mil toneladas da casca sejam processadas na usina. Além
de substituir a samambaiaçu na
jardinagem, a casca também poderá ser utilizada como composto
orgânico e substrato agrícola.
Em todo o país, o plantio de coco verde ocupa uma área de 57
mil hectares, com uma produção
de 6,7 milhões de toneladas de
cascas por ano. "A idéia é que,
com a experiência de Fortaleza, o
projeto possa ser levado a outros
lugares, gerando emprego e renda
e reduzindo o problema do lixo",
disse a pesquisadora.
O projeto conseguiu o apoio financeiro do Banco Mundial numa disputa em que concorreram
outros 2.726 projetos de todo o
mundo. A reciclagem da casca de
coco foi escolhida ao lado de outras 39 idéias. Segundo Freitas, a
implantação do projeto deverá
ser iniciada em fevereiro.
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