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TRABALHO
Dezembro registra 8,3% e 2005, média de 9,8%; renda sobe 2% no ano e vagas formais atingem 40% do total
Desemprego cai, renda e formalidade crescem
JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O ano de 2005 terminou com o
desemprego em queda e a renda
média em alta. A taxa de desemprego das seis principais regiões
metropolitanas do país superou
os prognósticos mais otimistas e
chegou a 8,3% em dezembro, o
menor patamar da série da Pesquisa Mensal de Emprego do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em
março de 2002. O resultado contribuiu para que a média de desemprego em 2005 -9,8%- registrasse a menor marca da série
histórica -em 2004 foi de 11,5%.
A renda do trabalhador fechou
em alta de 2% em relação a 2004,
atingindo a média de R$ 972,61.
Foi a primeira vez em que a renda
cresceu desde 1997, segundo cálculos da consultoria Tendências.
Após seis meses de estabilidade,
a queda do desemprego está relacionada à menor procura por trabalho, e não a uma alta significativa nas vagas de novembro para
dezembro. Em relação a dezembro de 2004, porém, houve um
aumento de 474 mil novos postos
de trabalho -ou alta de 2,4%.
Outro fator que contribuiu para
a queda da taxa em dezembro foi
o aumento na contratação de trabalhadores temporários, principalmente em São Paulo, no setor
de comércio. Com isso, São Paulo
registrou uma taxa de desemprego de 7,8%. É a primeira vez que a
região metropolitana tem taxa
abaixo da média das seis regiões.
Para o IBGE, 2005 mostrou uma
recuperação significativa do mercado de trabalho, com aumento
do emprego formal e da renda.
A redução na procura por trabalho superou as expectativas. Só
em dezembro, 291 mil pessoas pararam de procurar emprego, queda de 13,6% em relação a novembro. O contingente em busca de
trabalho caiu para 1,8 milhão. É a
primeira vez que o número de desocupados fica abaixo de 2 milhões nas regiões pesquisadas.
Lula comemora
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ficou "muito contente" e
"animado" com os números do
IBGE, segundo um assessor direto. "Tinha confiança em que esses
números iam aparecer", disse Lula a interlocutores.
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, também
considerou o índice "uma ótima
notícia" na semana. A idéia do
Planalto agora é tentar aproveitar
ao máximo a boa repercussão
desses números.
"É uma queda surpreendente
do desemprego, não esperava
uma redução tão grande na procura por trabalho. Ela sempre
acontece em dezembro, mas não
nessa proporção", disse Marcelo
de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento.
Para ele, menos pessoas procuraram vaga porque a renda familiar cresceu, o que possibilitou
que jovens e mulheres saíssem do
mercado de trabalho.
Já Fábio Romão, da LCA Consultores, estima que a abertura de
vagas esteve muito concentrada
no setor de serviços. "O resultado
global de 2005 é bem-vindo, mas
está apoiado no setor de serviços e
esconde um desempenho preocupante do emprego industrial",
afirma Romão. Em dezembro, o
emprego industrial recuou 0,9%,
com a redução de 31 mil vagas.
Tendência ou soluço
O IBGE diz que não é possível
prever se a melhora do fim do ano
no emprego representa uma tendência, mas historicamente a taxa
sobe em janeiro por conta da dispensa de trabalhadores temporários. "Ainda não é possível verificar se o desempenho de dezembro foi apenas um soluço ou se estamos diante de um novo movimento", afirmou Azeredo.
Segundo Guilherme Maia, da
consultoria Tendências, o desempenho do mercado de trabalho
em 2005 foi afetado pela desaceleração na economia no terceiro trimestre, em razão do aperto monetário, da crise política e da perda de confiança de consumidores
e empresários. Esse movimento
gerou o adiamento da contratação de temporários para o fim do
ano por conta da acumulação de
estoques no terceiro trimestre.
Carteira assinada
A pesquisa do IBGE registrou
ainda aumento da formalidade no
ano passado. De 2004 para 2005,
houve um crescimento médio de
5,6% no número de trabalhadores
com carteira assinada. Somente
em dezembro, o aumento foi de
2% na comparação com o mês
anterior. A proporção de trabalhadores formais na população
ocupada atingiu o nível recorde
de 40,3% na média de 2005. Em
2004, eles representavam 39,3%
da população ocupada.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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