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Varig abandona rotas para interior, Norte e Nordeste
Liminar devolve espaços de pouso e decolagem à empresa
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Varig praticamente abandonou os vôos para o interior
dos Estados e para as regiões
Norte e Nordeste e priorizou as
rotas mais rentáveis durante os
30 primeiros dias de operação
da VRG Linhas Aéreas.
A avaliação da estratégia da
empresa foi feita pela Folha
com base nos vôos que não
atingiram os 75% de regularidade exigidos pelas normas em
vigor. O cálculo oficial foi realizado pela Superintendência de
Serviços Aéreos da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil). Esse estudo serviu de
base para a retirada de 23 slots,
"espaços" de pouso e decolagem, anteriormente concedidos à Varig em Congonhas.
A companhia discorda do
critério adotado pela Anac e
obteve ontem decisão judicial
da 1ª Vara Empresarial do Rio
de Janeiro suspendendo o recolhimento dos slots. Até a
conclusão desta edição, a agência não tinha recebido notificação oficial e não se manifestaria oficialmente antes disso.
Também não ficou claro qual
seria o alcance da decisão judicial, determinada pelo juiz estadual Paulo Roberto Campos
Fragoso. Os slots são concessões públicas reguladas pelo
governo federal, e o processo
de recuperação judicial da Varig já teria se encerrado.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Rio informou que, para
Fragoso, "o Judiciário não está
invadindo a seara nem a competência da Anac".
Na terça, a agência decidiu
cancelar os 23 slots e 119 vôos
da Varig por descumprimento
da norma, elaborada pelo extinto DAC (Departamento de
Aviação Civil). A decisão representa retirar 44% dos vôos da
empresa.
Como concessionária homologada, a Varig pode, por outro
lado, recuperar os vôos e se
candidatar a novos slots em
Congonhas, que são distribuídos por sorteio público.
A luta judicial da empresa visa assegurar os slots atuais pois
têm os horários mais convenientes, que atraem maior número de passageiros.
Segundo levantamento feito
pela Folha, a maioria dos slots
perdidos pela Varig em Congonhas se refere à ponte aérea
Rio-SP (sete). Os demais estão
pulverizados em outros destinos. Boa parte está na região
Sul, onde a Varig -Viação Aérea Rio Grandense- nasceu.
Se valer a decisão da Anac de
terça-feira, deixarão de ser feitos pela Varig vôos para Caxias
do Sul, Passo Fundo e Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul,
Curitiba, Londrina e Maringá,
no Paraná, e Navegantes, em
Santa Catarina.
A empresa também perde
vôos de Congonhas para Belo
Horizonte -Confins e Pampulha- e para Vitória (ES).
Baque
Para o diretor de Estudos e
Pesquisas da Embratur, José
Francisco Lopes de Salles, o
número de desembarques nos
aeroportos brasileiros sofreu
um grande baque com a queda
da Varig em julho.
"Se não houvesse a diminuição de vôos da Varig, poderíamos ter um crescimento de
15% de uso real no ano passado,
em vez dos 7,38%."
Para Salles, é possível afirmar categoricamente que, por
causa da redução dos vôos da
Varig, de 3,3 milhões a 3,8 milhões de pessoas não viajaram
no ano passado. A maioria absoluta nos grandes centros e
principais aeroportos.
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