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Brasil será o maior beneficiado com fim de tarifa, diz analista
ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO
"O Brasil vai nadar de braçada." Foi com essa expressão
que o analista Miguel Biegai
sintetizou o grande avanço que
as exportações brasileiras de álcool podem ter com o fim da tarifa de importação dos EUA e
dos subsídios aos produtores
norte-americanos.
O secretário norte-americano de Energia, Samuel Bodman, disse que os EUA terão de
acabar com a tarifa de importação de álcool e com os subsídios
aos produtores para cumprirem a meta anunciada pelo presidente George W. Bush de reduzir o consumo de gasolina.
Para Biegai, economista e
analista da área de bioenergia
da consultoria Safras & Mercado, a barreira de importação
pode até ser removida, pois já
existe pressão por parte de governadores e congressistas
norte-americanos, mas tirar o
subsídio dos produtores de etanol é mais complicado. "[O governo] vai estar mexendo no
vespeiro. A pressão dos produtores seria muito grande."
Segundo ele, a declaração do
secretário norte-americano é,
em parte, contraditória, já que
os Estados Unidos vêm anunciando investimentos pesados
na produção de etanol. "Seria
estranho o governo, depois de
incentivar a produção, chegar
para os produtores e dizer que
irá retirar os subsídios."
Os fortes subsídios norte-americanos tanto para as indústrias na produção do etanol
como para os agricultores na
produção de milho impedem
um crescimento maior das vendas brasileiras.
A produção de etanol norte-americana é feita por meio do
milho, diferentemente do Brasil, que produz o combustível a
partir da cana-de-açúcar. De
acordo com Biegai, o custo de
produção por meio da cana é
quase a metade do do milho, o
que torna o etanol brasileiro
competitivo.
O fim da tarifa de importação
(US$ 0,143 por litro) e dos subsídios (US$ 0,135 por litro) iria
alavancar ainda mais as exportações brasileiras, gerando ganho de competitividade do produtor de álcool.
Por outro lado, os norte-americanos teriam perda de
competitividade de US$ 0,28
por litro. Para os produtores
brasileiros, o ganho hoje seria
de cerca de R$ 0,59 por litro, segundo o analista.
O Brasil, o maior exportador
mundial de etanol, é o único
país atualmente capaz de suprir parte de uma demanda como a dos EUA. No ano passado,
o Brasil vendeu diretamente
para os norte-americanos 1,7
bilhão de litros, dos 17,5 bilhões
de litros produzidos na safra
2006/07, segundo a Unica
(União da Agroindústria Canavieira de São Paulo).
Os investimentos na produção de álcool no Brasil dão suporte para a expansão da exportação.
"O aumento dos investimentos dos usineiros está focado
nas exportações. O mercado interno é o maior consumidor,
mas as receitas com as vendas
para o exterior são o oxigênio
das usinas", completa Biegai.
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