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"Preocupação com crédito e crise é demasiada"
Para Charles Calomiris, da Columbia, Fed errou com juro
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialista em risco bancário, Charles Calomiris, professor da Universidade Columbia,
não acredita em recessão nos
EUA nem em aperto significativo do crédito. Para ele, haverá
uma correção nos preços de
ações em países emergentes.
FOLHA - Entramos em uma fase de
pessimismo longo nos mercados?
CHARLES CALOMIRIS - Eu sou um
otimista. Acho que os mercados de ações nos EUA estão
subprecificados, apesar de que
em alguns países emergentes
eles podem estar sobrevalorizados. Não acredito que os EUA
vão experimentar uma recessão, mas uma desaceleração. Os
receios de aperto no crédito e
de crise financeira são demasiados. Vão diminuir até abril
ou maio. A inflação vai se tornar uma preocupação maior
até lá. E é provável que os juros
subam em algum momento da
primeira metade de 2009 -justamente depois da eleição.
FOLHA - O senhor acredita na tese
do descolamento dos emergentes?
CALOMIRIS - Não há descolamento acontecendo agora. De
fato, há uma dependência mútua e pronunciada [entre os
mercados maduros e emergentes]. E isso é uma coisa boa, que
pode ajudar a promover um
senso de interesse mútuo na
política de ambos os lados.
FOLHA - O Fed estimulou a tomada
irresponsável de risco ao socorrer os
mercados com corte de juros?
CALOMIRIS - O "risco moral"
[salvar investidores que se arriscaram em excesso] é uma
preocupação real. O corte no
juro foi um pouco demais. Talvez se fosse de 0,5 ponto [teria
sido melhor]. Não vejo queda
de juro, por si só, como problema de "risco moral". Porque o
governo dos EUA não intercedeu para socorrer emprestadores e tomadores de crédito direta ou indiretamente.
FOLHA - As ações brasileiras e chinesas foram as que mais subiram no
mundo em 2007. Poderão ter agora
também as maiores correções?
CALOMIRIS - A exuberância no
preço das ações dos mercados
emergentes será atingida. É difícil dizer se o Brasil está na
mesma posição da China neste
assunto, mas suspeito que não.
FOLHA - Os bancos chineses estão
expostos aos papéis "subprime"?
CALOMIRIS - Não vejo uma ligação forte, mas pode haver links
de que não temos idéia. Os
grandes bancos têm problemas
suficientes para operar com lucro na China. Essa é a maior
preocupação deles.
FOLHA - Quais lições devemos tirar
da crise das hipotecas nos EUA?
CALOMIRIS - Uma conseqüência
importante foi um estrago na
credibilidade das agências de
"rating", que têm um papel-chave nessa engenharia do
"subprime". Também deverão
mudar as políticas de reconhecimento de perdas e a análise
de risco de crédito.
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