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Sem conseguir ser atendido em posto lotado no Rio, desempregado se desespera
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Quando Walmir Mota, 38,
chegou ao Centro de Trabalho e Renda Professor Paulo
Freire, no centro do Rio, por
volta das 15h de ontem, o número de desempregados que
esperava na fila em frente ao
prédio já era superior ao que
o posto previa ser possível
atender até a hora do fechamento, às 16h30. Orientado a
retornar no dia seguinte, ele
não escondeu a frustração.
"Não tenho nem dinheiro
para voltar para casa. Quando
estava saindo, minha mulher
falou que precisava comprar
fralda para minha filha e dei o
que tinha para ela. Até consegui dois reais depois, mas a fome apertou e tive de comprar
algo para comer", diz o morador da comunidade Vila Kennedy, na zona oeste do Rio,
que atribui à crise internacional a demissão do último emprego, na semana passada,
menos de três meses após ter
sido contratado.
"Falaram que não estava
entrando dinheiro suficiente
e que iam ter que fazer uma
redução no número de funcionários. Dos 15 do meu setor, só ficaram 7", diz Mota,
que trabalhava como repositor na loja da Wal-Mart em
Campinho e ganhava R$ 471
por mês.
Dentro do posto, outro
Walmir, de sobrenome Souza
Queiroz, também lamentava
os efeitos da crise sobre o
mercado. Depois de 11 meses
trabalhando no porto do Rio
como conferente de cargas da
Lumina Terminais de Carga e
Logística, o morador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, perdeu em novembro
o emprego que lhe garantia
R$ 900 mensais e era a única
fonte de sustento da família,
formada pela mulher e uma
filha de três anos.
Dos patrões, Queiroz diz
ter ouvido que o corte foi motivado pela desaceleração do
comércio global. "Além de
mim, mandaram mais umas
dez pessoas embora, de várias
funções", diz. "Agora estou
procurando outra vaga, mas
está muito difícil."
A avaliação era compartilhada pelo atendente que
orientava as pessoas que procuravam o posto, onde é possível requerer o seguro-desemprego e buscar recolocação no mercado. "A fila antes
ia até o meio do quarteirão.
Agora, já está dobrando a esquina", disse. "Para ser atendido, tem que chegar cedo",
afirmou, repetindo a frase
que já se tornou seu bordão.
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