São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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GM no Brasil retoma corte de vagas e licença remunerada

Em São Caetano do Sul, montadora deixa de renovar contratos temporários

Medida pode afetar 1.633 trabalhadores temporários; outros 900 funcionários efetivos ficam fora do trabalho até 30 de março

Joel Silva/Folha Imagem
Funcionários da GM durante protesto contra dispensa de trabalhadores em frente à fábrica da montadora em São Caetano do Sul

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em mais uma medida de corte de produção, a GM decidiu dispensar mais uma parte de seu pessoal e colocar 900 trabalhadores em licença remunerada. Em janeiro, a montadora já havia anunciado a demissão de 744 funcionários em São José dos Campos (SP), no primeiro corte em massa no setor.
Ontem, 30 funcionários perderam o emprego na fábrica de São Caetano do Sul (SP), e a expectativa do sindicato é que, até o dia 5 de março, cerca de 260 deixem a unidade. Esse contingente faz parte dos 1.633 trabalhadores do terceiro turno da fábrica que têm contratos temporários cujos vencimentos começaram ontem.
A GM disse, por meio de sua assessoria, que decidiu, por ora, não renovar esses contratos, mas não informou quantos trabalhadores vão deixar seus postos. Até abril, haverá contratos em expiração quase todos os dias úteis. Em entrevista na semana passada, o presidente da GM do Brasil e Mercosul, Jaime Ardila, afirmou que a possibilidade de renovação seria analisada caso a caso.
"O que vamos ver é uma demissão a conta-gotas. Podem chamar de não-renovação, mas, para nós, é perda de emprego", afirmou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Francisco Nunes Rodrigues.
Em resposta à medida, a maior parte dos 1.633 trabalhadores que podem ser atingidos participou de protesto ontem em frente à GM, e a produção foi parada por uma hora.
No próximo dia 5, representantes do sindicato e da GM devem se reunir para discutir a situação dos temporários. Em São Caetano, onde são produzidos os modelos Corsa, Vectra e Astra, trabalham 7.163 pessoas.
Além da não-renovação de contratos, a GM concedeu licença remunerada a 900 trabalhadores efetivos, sendo 600 em São José dos Campos e 300 em São Caetano. Eles saíram ontem e devem voltar somente no dia 30 de março.
"Os trabalhadores estão muito apreensivos. A licença provoca uma desconfiança de que possa começar um novo ciclo de demissões", diz Vivaldo Moreira Araújo, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Na unidade de São José, que emprega 7.961 trabalhadores, são produzidos os modelos Corsa, S10, Blazer, Zafira e Meriva.

Ajuste
Segundo a GM, as medidas foram tomadas no sentido de ajustar a produção à demanda.
Embora o mercado automotivo tenha registrado um reaquecimento, com aumento de 7,43% nas vendas de automóveis e comerciais leves na primeira quinzena de fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado, o corte de produção deve ser analisado caso a caso, avalia o diretor do Centro de Estudos Automotivos e ex-presidente da Ford no país Luiz Carlos Mello.
"No Brasil, ainda há uma demanda reprimida por carros, mas não significa que não haja falta de procura por um ou outro modelo", diz.


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