São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos alemães podem socorrer Grécia

Especula-se que instituições comprariam títulos da dívida pública grega garantidos pelo governo de Angela Merkel

Grécia pode anunciar na semana que vem novo pacote de austeridade, com mais corte de gastos e aumento de impostos

DO "FINANCIAL TIMES"
DA ENVIADA ESPECIAL A ATENAS

Os maiores bancos alemães estão estudando um plano de resgate da Grécia pelo qual eles comprariam títulos da dívida pública grega que teriam garantias do governo alemão.
Após conversa, ontem, entre o presidente-executivo do Deutsche Bank, Josef Ackermann, e o premiê grego, George Papandreou, começaram a surgir detalhes de um possível resgate europeu caso a crise da dívida da Grécia piore.
Um executivo de banco alemão disse que uma análise profunda está sendo feita sobre um plano em que o governo de Angela Merkel, por meio do banco de desenvolvimento estatal KfW, daria garantias às instituições financeiras que comprassem a dívida grega.
Vários bancos, como Hypo Real Estate, Eurohypo e Deutsche Postbank, que detêm bilhões de euros em títulos gregos, já disseram que não pretendem adquirir mais papéis. Porém as garantias de Berlim e os altos rendimentos que esses papéis devem oferecer podem fazer com que as instituições acabem mudando de ideia.
Esse executivo, que pediu para não ter sua identidade divulgada, afirmou: "Essa pode ser uma das alternativas, mas não seria uma solução totalmente privada -é preciso envolvimento do governo. Se fosse algo que abrangesse a zona do euro, eu não acredito que meu banco decidisse não tomar parte."

Austeridade
O primeiro-ministro Papandreou disse ontem não esperar que outros países do bloco paguem a dívida pública grega, mas aguarda um forte apoio dos membros da União Europeia. Ele promete ainda tomar todas as medidas necessárias para tirar o país da crise, apesar dos custos políticos.
"Nós precisamos fazer tudo o que podemos agora para resolver os perigos imediatos hoje. Amanhã será tarde demais, e as consequências, muito piores."
Segundo a imprensa local, os monitores da UE que estiveram no país nesta semana pediram mais medidas de austeridade, que somam US$ 6,6 bilhões, ou 2% do PIB grego, para atingir a meta de reduzir o deficit orçamentário para 8,7% do PIB neste ano -ante 12,7% estimados no ano passado.
Isso aumenta a possibilidade de que o governo possa tentar surpreender os mercados financeiros, adotando um pacote fiscal com mais aumento de impostos e cortes de gastos mais amplos. E o anúncio das medidas extras pode ocorrer logo.
Analistas ouvidos pela Folha esperam que o governo aja em duas frentes: aumente impostos, especialmente o equivalente ao ICMS brasileiro, que deve subir de 9% para 11%, e corte gastos com salários. O alvo seria o 14º salário recebido pelos funcionários públicos -e a expectativa é de que o fim do "extra" dividido entre a Páscoa e as férias de verão seja mal recebido pela população.
"Precisamos ver como isso será implementado", disse à Folha Giorgos Glynos, do centro de estudos Fundação Helênica. "As medidas estão na direção certa, mas terão de ser testadas na prática. É neste momento em que estamos." Para ele, o teste será nos juros que o mercado cobrará na próxima emissão de títulos da dívida, esperada para a próxima semana.


Texto Anterior: Habitação: Lula diz que segunda fase do PAC terá mais 1 milhão de casas
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.