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Bancos alemães podem socorrer Grécia
Especula-se que instituições comprariam títulos da dívida pública grega garantidos pelo governo de Angela Merkel
Grécia pode anunciar na
semana que vem novo
pacote de austeridade,
com mais corte de gastos
e aumento de impostos
DO "FINANCIAL TIMES"
DA ENVIADA ESPECIAL A ATENAS
Os maiores bancos alemães
estão estudando um plano de
resgate da Grécia pelo qual eles
comprariam títulos da dívida
pública grega que teriam garantias do governo alemão.
Após conversa, ontem, entre
o presidente-executivo do
Deutsche Bank, Josef Ackermann, e o premiê grego, George
Papandreou, começaram a surgir detalhes de um possível resgate europeu caso a crise da dívida da Grécia piore.
Um executivo de banco alemão disse que uma análise profunda está sendo feita sobre um
plano em que o governo de Angela Merkel, por meio do banco
de desenvolvimento estatal
KfW, daria garantias às instituições financeiras que comprassem a dívida grega.
Vários bancos, como Hypo
Real Estate, Eurohypo e Deutsche Postbank, que detêm bilhões de euros em títulos gregos, já disseram que não pretendem adquirir mais papéis.
Porém as garantias de Berlim e
os altos rendimentos que esses
papéis devem oferecer podem
fazer com que as instituições
acabem mudando de ideia.
Esse executivo, que pediu para não ter sua identidade divulgada, afirmou: "Essa pode ser
uma das alternativas, mas não
seria uma solução totalmente
privada -é preciso envolvimento do governo. Se fosse algo
que abrangesse a zona do euro,
eu não acredito que meu banco
decidisse não tomar parte."
Austeridade
O primeiro-ministro Papandreou disse ontem não esperar
que outros países do bloco paguem a dívida pública grega,
mas aguarda um forte apoio
dos membros da União Europeia. Ele promete ainda tomar
todas as medidas necessárias
para tirar o país da crise, apesar
dos custos políticos.
"Nós precisamos fazer tudo o
que podemos agora para resolver os perigos imediatos hoje.
Amanhã será tarde demais, e as
consequências, muito piores."
Segundo a imprensa local, os
monitores da UE que estiveram no país nesta semana pediram mais medidas de austeridade, que somam US$ 6,6 bilhões, ou 2% do PIB grego, para
atingir a meta de reduzir o deficit orçamentário para 8,7% do
PIB neste ano -ante 12,7% estimados no ano passado.
Isso aumenta a possibilidade
de que o governo possa tentar
surpreender os mercados financeiros, adotando um pacote
fiscal com mais aumento de impostos e cortes de gastos mais
amplos. E o anúncio das medidas extras pode ocorrer logo.
Analistas ouvidos pela Folha
esperam que o governo aja em
duas frentes: aumente impostos, especialmente o equivalente ao ICMS brasileiro, que deve
subir de 9% para 11%, e corte
gastos com salários. O alvo seria o 14º salário recebido pelos
funcionários públicos -e a expectativa é de que o fim do "extra" dividido entre a Páscoa e
as férias de verão seja mal recebido pela população.
"Precisamos ver como isso
será implementado", disse à
Folha Giorgos Glynos, do centro de estudos Fundação Helênica. "As medidas estão na direção certa, mas terão de ser testadas na prática. É neste momento em que estamos." Para
ele, o teste será nos juros que o
mercado cobrará na próxima
emissão de títulos da dívida, esperada para a próxima semana.
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