São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No Brasil, empresa diz ser "independente"

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob intervenção judicial desde o dia 12 de fevereiro, a Parmalat Alimentos se diz "independente" e afirma que não será afetada por decisões tomadas pela administração da companhia em sua sede, na Itália. Keyler Rocha, administrador de empresas nomeado pela Justiça de São Paulo para a presidência do grupo, disse ontem que a companhia no país "está fora desse plano" de venda de ativos e redução brusca na produção.
Há informações, no entanto, de que a possibilidade de venda de fábricas não só é objeto atual de discussão dos interventores, como é a saída estudada pela direção para a entrada mais veloz de novos recursos na empresa. Os próprios interventores já confirmaram esse fato semanas atrás.
Isso ocorre porque o arrendamento das unidades do grupo no país não interessa à companhia de alimentos. O aluguel de suas fábricas deve disponibilizar um montante tímido de recursos e há necessidade urgente de capital.
O Banco do Brasil, credor da Parmalat com mais de R$ 120 milhões a receber, chegou a levantar a hipótese de financiar empresas interessadas em comprar ativos da Parmalat no país. Entre elas, a Elegê e a Moinho São Jorge.
Logo, a postura da empresa no Brasil em frisar sua independência faz parte da tática do atual comando do grupo. Querem deixar claro que a companhia articula a própria saída, que ela baterá o martelo sobre decisões administrativas e não precisa seguir os passos de Enrico Bondi, o interventor italiano, apurou a Folha.
Bondi e o juiz da 42ª Vara Cível, Carlos Henrique Abrão, que determinou a intervenção na Parmalat brasileira em fevereiro, já tiveram algumas rusgas para resolver. Há dez dias, Abrão tornou pública uma carta que enviou a Bondi reclamando do comportamento dos advogados nomeados por ele para atuar no Brasil. Abrão disse a Bondi que os advogados o chamaram de "mentiroso".
No final do ano passado a justiça italiana começou a investigar informações a respeito de fraude fiscal e desvio de recursos do caixa da Parmalat no mundo. No vermelho há anos, a empresa no país é investigada pela Polícia Federal.


Texto Anterior: Leite derramado: Parmalat vai deixar 20 países e demitir 15 mil
Próximo Texto: Arma publicitária: Guerra das "Colas" utiliza cantoras pop
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.