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No Brasil, empresa diz ser "independente"
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob intervenção judicial desde o
dia 12 de fevereiro, a Parmalat Alimentos se diz "independente" e
afirma que não será afetada por
decisões tomadas pela administração da companhia em sua sede,
na Itália. Keyler Rocha, administrador de empresas nomeado pela
Justiça de São Paulo para a presidência do grupo, disse ontem que
a companhia no país "está fora
desse plano" de venda de ativos e
redução brusca na produção.
Há informações, no entanto, de
que a possibilidade de venda de
fábricas não só é objeto atual de
discussão dos interventores, como é a saída estudada pela direção para a entrada mais veloz de
novos recursos na empresa. Os
próprios interventores já confirmaram esse fato semanas atrás.
Isso ocorre porque o arrendamento das unidades do grupo no
país não interessa à companhia de
alimentos. O aluguel de suas fábricas deve disponibilizar um
montante tímido de recursos e há
necessidade urgente de capital.
O Banco do Brasil, credor da
Parmalat com mais de R$ 120 milhões a receber, chegou a levantar
a hipótese de financiar empresas
interessadas em comprar ativos
da Parmalat no país. Entre elas, a
Elegê e a Moinho São Jorge.
Logo, a postura da empresa no
Brasil em frisar sua independência faz parte da tática do atual comando do grupo. Querem deixar
claro que a companhia articula a
própria saída, que ela baterá o
martelo sobre decisões administrativas e não precisa seguir os
passos de Enrico Bondi, o interventor italiano, apurou a Folha.
Bondi e o juiz da 42ª Vara Cível,
Carlos Henrique Abrão, que determinou a intervenção na Parmalat brasileira em fevereiro, já tiveram algumas rusgas para resolver. Há dez dias, Abrão tornou
pública uma carta que enviou a
Bondi reclamando do comportamento dos advogados nomeados
por ele para atuar no Brasil. Abrão
disse a Bondi que os advogados o
chamaram de "mentiroso".
No final do ano passado a justiça italiana começou a investigar
informações a respeito de fraude
fiscal e desvio de recursos do caixa
da Parmalat no mundo. No vermelho há anos, a empresa no país
é investigada pela Polícia Federal.
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