São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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VAREJO

Vendas recuam 4,83% nos primeiros três meses de 2006; setor culpa endividamento do consumidor e Páscoa em abril

Supermercados têm pior trimestre em 5 anos

DA REPORTAGEM LOCAL

O alto nível de endividamento do consumidor brasileiro e uma alteração no calendário fizeram o setor de supermercados iniciar 2006 em baixa.
As vendas acumuladas no primeiro trimestre deste ano tiveram uma queda de 4,83%. Só em março, o recuo foi de 10,10% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Esse foi o pior desempenho mensal desde novembro de 2003.
O fato de a Páscoa -impulsionadora de vendas- ter sido celebrada neste ano em abril, e não em março como em 2005, foi uma das razões para o fraco desempenho dos supermercados, segundo João Carlos de Oliveira, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
"A Páscoa em abril provocou uma queda de três pontos percentuais no faturamento de março", disse Oliveira. A ainda alta taxa de juros da economia brasileira -a Selic está em 15,75% ao ano- também contribuiu para o desânimo do setor. Some-se a isso o alto grau endividamento dos consumidores brasileiros, fator que compromete o poder de compra.

Recuperação
Mas o presidente da Abras estima que, a partir deste mês, o setor vá conseguir se recuperar e compensar o tombo dos primeiros três meses de 2006, o pior trimestre dos últimos cinco anos. Isso deve ocorrer com a ajuda da Páscoa e também de um incremento da renda dos brasileiros causado pelo aumento do salário mínimo. Caso a projeção seja confirmada, a Abras espera que o setor supermercadista encerre 2006 com uma taxa de crescimento entre 2% e 3%.

Guerra de posições
No ranking divulgado ontem pela Abras, o Pão de Açúcar é líder, com 15,2% de participação do mercado. Em 2005, a rede, que inclui o Extra e o CompreBem, detinha uma fatia de 15,8%.
O grupo líder do ranking obteve um faturamento de R$ 16,2 bilhões em 2005, ante R$ 15,4 bilhões no ano anterior. A rede Carrefour teve faturamento de R$ 12,5 bilhões em 2005.
O faturamento do Wal-Mart, que adquiriu o Sonae no ano passado, foi de R$ 11,7 bilhões. Essa transação pode dar um impulso para que a rede americana ultrapasse o Carrefour na segunda posição da ranking neste ano, na avaliação do presidente da Abras.
No total, as redes de supermercado alcançaram faturamento de R$ 106,4 bilhões em 2005, o que representou crescimento real de 0,9% ante 2004. (CÍNTIA CARDOSO)


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