São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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RETRATO DO BRASIL

Negros e pardos representam 62% da categoria, mostra estudo

Melhora nível escolar dos domésticos, aponta IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar da melhora no nível de instrução dos empregados domésticos, o perfil desse contingente de 1,6 milhão de pessoas nas seis principais regiões metropolitanas revela que 64% têm menos de oito anos de estudo e que 61,8% são negros ou pardos, diz estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2002, 71% dos trabalhadores domésticos tinham menos de oito anos de estudo, percentual que foi caindo gradualmente até 2006. Entre os domésticos com menor nível de escolaridade, 44,6% tinham de 4 a 7 anos de estudo, 12,7% possuíam 1 a 3 anos e 6,6% eram sem instrução.
"O avanço reflete a melhora do nível de escolaridade da população como um todo, que aumenta a cada ano, e ao fato de a maioria dos trabalhadores domésticos serem mulheres, cujo nível de instrução é maior do que o dos homens", afirmou Kátia Namir, economista da Coordenação de Emprego e Rendimento do IBGE.
O número médio de anos de estudo dos domésticos subiu de 5,4 em março de 2002 para 5,9 anos em igual mês de 2006. A despeito do avanço, ainda está distante da média de 9,2 anos da população ocupada -o número era de 8,7 em março de 2002.
Apesar de o rendimento dos domésticos representar apenas 35% da renda média dos ocupados, 14,2% dos trabalhadores desse contingente tinham mais de 11 anos de estudo (ensino médio completo). Enquanto a renda média era de R$ 1.006,8 para todas as categorias, os domésticos ganhavam, em média, R$ 350,5.
Mais baixo, o rendimento médio dos domésticos sofreu retração menor nos últimos anos. De março 2002 a março de 2006, a renda média dos domésticos caiu 4,7% -menos do que o recuo de 5,6% do rendimento médio de todos os trabalhadores.
Segundo o IBGE, as mulheres e os negros e pardos têm presença relativamente maior no contingente dos domésticos do que no mercado de trabalho e na estrutura da população apta a se ocupar.
O percentual de empregados domésticos em relação ao total de ocupados era de 8,1% em março deste ano -mais do que os 7,7% de 2002. Já entre as mulheres, o percentual era de 17,5%, sendo a mais expressiva forma de inserção feminina no mercado de trabalho e a que cresceu mais desde de 2002. Segundo o IBGE, 94,3% dos empregados domésticas eram do sexo feminino.
Os pretos e pardos, por sua vez, são 44% das pessoas em idade ativa (10 anos ou mais), contra 55,1% de brancos.

Jornada menor
A idéia de que a doméstica acorda de manhã e só termina de trabalhar quando vai dormir não se confirma pelos dados do IBGE, já que a jornada média dos domésticos (de 37 horas e 36 minutos) é 4 horas e 18 minutos menor do que a média de todas as formas de inserção no mercado de trabalho -41 horas e 54 minutos.
Para Kátia Namir, a jornada mais curta se explica pelo trabalho como diarista, que ganha espaço nas grandes cidades. Muitos desses profissionais, diz ela, não se ocupam a semana toda, o que faz cair a jornada média.
O estudo do IBGE revela ainda que as condições de trabalho são mais precárias entre os empregados domésticos. A maioria (65,6%) não tinha carteira assinada -esse percentual é inferior a 30% na média. Em 2002, o percentual estava em 62,6%.
O contingente de domésticos com carteira assinada concentrava 34,4% dos trabalhadores domésticos -o percentual era de 37,4% em março de 2002.


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