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RETRATO DO BRASIL
Negros e pardos representam 62% da categoria, mostra estudo
Melhora nível escolar dos domésticos, aponta IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da melhora no nível de
instrução dos empregados domésticos, o perfil desse contingente de 1,6 milhão de pessoas nas
seis principais regiões metropolitanas revela que 64% têm menos
de oito anos de estudo e que
61,8% são negros ou pardos, diz
estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2002, 71% dos trabalhadores domésticos tinham menos de
oito anos de estudo, percentual
que foi caindo gradualmente até
2006. Entre os domésticos com
menor nível de escolaridade,
44,6% tinham de 4 a 7 anos de estudo, 12,7% possuíam 1 a 3 anos e
6,6% eram sem instrução.
"O avanço reflete a melhora do
nível de escolaridade da população como um todo, que aumenta
a cada ano, e ao fato de a maioria
dos trabalhadores domésticos serem mulheres, cujo nível de instrução é maior do que o dos homens", afirmou Kátia Namir, economista da Coordenação de Emprego e Rendimento do IBGE.
O número médio de anos de estudo dos domésticos subiu de 5,4
em março de 2002 para 5,9 anos
em igual mês de 2006. A despeito
do avanço, ainda está distante da
média de 9,2 anos da população
ocupada -o número era de 8,7
em março de 2002.
Apesar de o rendimento dos domésticos representar apenas 35%
da renda média dos ocupados,
14,2% dos trabalhadores desse
contingente tinham mais de 11
anos de estudo (ensino médio
completo). Enquanto a renda média era de R$ 1.006,8 para todas as
categorias, os domésticos ganhavam, em média, R$ 350,5.
Mais baixo, o rendimento médio dos domésticos sofreu retração menor nos últimos anos. De
março 2002 a março de 2006, a
renda média dos domésticos caiu
4,7% -menos do que o recuo de
5,6% do rendimento médio de todos os trabalhadores.
Segundo o IBGE, as mulheres e
os negros e pardos têm presença
relativamente maior no contingente dos domésticos do que no
mercado de trabalho e na estrutura da população apta a se ocupar.
O percentual de empregados
domésticos em relação ao total de
ocupados era de 8,1% em março
deste ano -mais do que os 7,7%
de 2002. Já entre as mulheres, o
percentual era de 17,5%, sendo a
mais expressiva forma de inserção feminina no mercado de trabalho e a que cresceu mais desde
de 2002. Segundo o IBGE, 94,3%
dos empregados domésticas
eram do sexo feminino.
Os pretos e pardos, por sua vez,
são 44% das pessoas em idade ativa (10 anos ou mais), contra
55,1% de brancos.
Jornada menor
A idéia de que a doméstica acorda de manhã e só termina de trabalhar quando vai dormir não se
confirma pelos dados do IBGE, já
que a jornada média dos domésticos (de 37 horas e 36 minutos) é 4
horas e 18 minutos menor do que
a média de todas as formas de inserção no mercado de trabalho
-41 horas e 54 minutos.
Para Kátia Namir, a jornada
mais curta se explica pelo trabalho como diarista, que ganha espaço nas grandes cidades. Muitos
desses profissionais, diz ela, não
se ocupam a semana toda, o que
faz cair a jornada média.
O estudo do IBGE revela ainda
que as condições de trabalho são
mais precárias entre os empregados domésticos. A maioria
(65,6%) não tinha carteira assinada -esse percentual é inferior a
30% na média. Em 2002, o percentual estava em 62,6%.
O contingente de domésticos
com carteira assinada concentrava 34,4% dos trabalhadores domésticos -o percentual era de
37,4% em março de 2002.
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