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Juro nos bancos recua, mas segue perto de 40% ao ano
Média cai pelo 2º mês, influenciada por empréstimos facilitados de antecipação do IR
Queda registrada em março foi maior nas linhas de crédito para pessoas físicas, cujos juros recuaram de 50,8% ao ano para 49,9%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados nos empréstimos bancários caíram pelo segundo mês consecutivo,
segundo levantamento do Banco Central. Entre fevereiro e
março, a taxa média praticada
nos financiamentos passou de
39,3% ao ano para 38,5%.
Não se trata de um custo
muito baixo: quem toma um
empréstimo nessas condições
pelo prazo de dois anos irá pagar, só de juros, 92% do valor do
financiamento. Ainda assim, a
taxa de março é a menor já registrada pela série estatística
do BC, que começa em 2000.
Também houve queda na
parcela dos juros apropriada
pelos bancos, embora numa
magnitude menor do que a observada nas taxas. O chamado
"spread" bancário caiu para o
equivalente a 26,5 pontos percentuais em março, contra 27,2
pontos no mês anterior.
Isso significa que, dos juros
médios de 38,5% ao ano cobrados em março, 26,5 pontos percentuais ficaram no caixa dos
próprios bancos. Esse "spread"
serve para cobrir custos como
manutenção de agências, pagamento de impostos, entre outras despesas. Parte disso também ajuda a aumentar os lucros
das instituições financeiras.
A queda de março foi maior
nos financiamentos a pessoas
físicas, cujos juros recuaram de
50,8% ao ano para 49,9%.
Parte dessa queda, porém, é
resultado de um efeito estatístico. O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que os juros mais baixos cobrados no mês passado
foram influenciados pela concessão de empréstimos baseados na antecipação da restituição do Imposto de Renda.
Nesses casos, os juros nos
bancos são bem menores do
que a média, pois são pequenas
as chances de um calote -o financiamento é quitado quando
a pessoa recebe a restituição.
Nas vésperas do fim do prazo
para a entrega da declaração de
IR, a concessão desses créditos
costuma aumentar, o que puxa
para baixo a taxa média dos empréstimos como um todo.
Antecipação de IR
De acordo com Lopes, a antecipação das restituições representa cerca de 10% do volume
de crédito pessoal oferecido pelos bancos, que em março totalizava R$ 85,8 bilhões.
O funcionário do BC diz que
os juros devem continuar a cair
ao longo do ano, mas pequenas
altas podem ser observadas depois que o efeito positivo dos
empréstimos ligados à restituição de IR passar. "A tendência
geral é de queda, com a possibilidade de elevações pontuais
em alguns meses", afirma.
Os juros cobrados nos financiamentos a empresas também
caíram: a taxa média passou de
26,0% ao ano para 25,4% entre
fevereiro e março.
A inadimplência, que é uma
das justificativas usadas pelos
bancos para explicar os altos
juros praticados no Brasil, dá
sinais de queda. Se considerados os empréstimos concedidos com recursos livres -linhas de crédito em que os juros
não são controlados pelo governo-, o atraso atingia, no mês
passado, 4,9% do total.
O levantamento do BC também apresentou uma nova estimativa para a relação entre crédito disponível no país e PIB
(Produto Interno Bruto). Em
março, nova metodologia usada pelo IBGE mostrou que o
PIB dos últimos anos foi maior
do que se previa. Com isso, a relação entre crédito e PIB, que,
pelos dados antigos, estava em
34,6%, foi para 31,3% em março
pelos números revisados.
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