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PULO DO DRAGÃO
Dólar e alimentos fazem taxa do mês em SP ser revista para cima; alta dos combustíveis deve gerar mais pressão
Fipe e IBGE apontam inflação em alta
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Câmbio e alimentos deram um
novo ritmo à taxa de inflação na
cidade de São Paulo, o que fez a
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever -para
cima- as estimativas de alta dos
preços para este mês.
Prevista inicialmente em 0,35%,
a inflação deste mês deverá ficar
em 0,50%. A pesquisa de preços
divulgada ontem pela Fipe já
mostra alta de 0,49% nos últimos
30 dias até 23 deste mês.
A alta da inflação também foi
registrada pelo IBGE, que mede a
taxa em 11 regiões. O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo-15) foi o maior desde fevereiro. O indicador é uma espécie
de prévia do IPCA -parâmetro
para a meta de inflação.
Paulo Picchetti, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que "duas coisas
foram responsáveis pela aceleração da taxa" em São Paulo: os alimentos, que sobem mais do que o
esperado, e a alta do dólar, que já
começa a pressionar produtos como os eletroeletrônicos. Em
maio, o dólar já teve alta de 7,9%.
As pressões não param por aí. A
Fipe prevê novos reajustes entre
os produtos industrializados e
nos combustíveis.
O item mais preocupante é a gasolina, que, mesmo em um cenário otimista, deve gerar inflação
de 0,50%. Ou seja, apenas a alta da
gasolina poderá gerar "mais um
mês de inflação", já que a taxa média de inflação deste mês dos 550
itens pesquisados pela Fipe deverá ficar próxima desse percentual.
O recente aumento do petróleo
no mercado externo ainda não
chegou à taxa de inflação, mas,
em um período de elevação do
câmbio, vai gerar pressão ainda
maior. Essa alta deve pesar mais a
partir do próximo semestre.
Picchetti trabalha com dois cenários para petróleo e câmbio. No
mais pessimista, a permanência
dos preços do barril de petróleo
em US$ 40 e a taxa de câmbio em
R$ 3,20 forçarão a Petrobras a reajustar a gasolina em pelo menos
20%. Quando esse percentual
chegar às bombas nos postos, vai
gerar inflação de 0,80%.
No cenário otimista, a Petrobras
teria de corrigir a defasagem da
gasolina em 15%, o que geraria inflação de 0,50%. Nesse caso, Picchetti trabalha com o valor do
barril em US$ 36 e o câmbio em
R$ 3,10. Ontem, o petróleo fechou
cotado a US$ 40,70 o barril, em
Nova York, e o dólar, em R$ 3,16.
Ainda no setor de combustíveis,
a recente alta nos preços do álcool
também vai gerar mais inflação. O
produto, após forte baixa no início do ano nas bombas, começa a
recuperar preços. Os valores médios atuais são de R$ 0,80 por litro
em São Paulo, 45% menos do que
em maio de 2003. O aumento já
provoca reajustes da gasolina, à
qual o álcool anidro é misturado.
Câmbio
A alta do dólar, além de aquecer
ainda mais os preços do petróleo
(produto parcialmente importado), também começa a influenciar o custo de eletroeletrônicos e
eletrodomésticos. Dólar e custos
de matérias-primas já pressionam os preços de geladeiras, freezers, máquinas de lavar e de secar,
fogões, liquidificadores e armários para cozinha, segundo a Fipe.
Parte desses aumentos pode vir
também de uma "ainda tímida"
recuperação da demanda. O desemprego é recorde, mas a PEA
(População Economicamente
Ativa) cresceu, diz Picchetti.
Já a pressão dos alimentos surpreendeu o economista. Após registrar deflação de 0,30% em
abril, esses itens podem fechar o
mês com elevação superior a 1%,
se mantido o ritmo de reajustes.
Além de itens que já vinham subindo, como arroz, feijão e frango, a Fipe começa a constatar forte alta dos "in natura". Chuva e
frio em regiões produtoras justificam os aumentos. No últimos 30
dias até 23 deste mês, o preço médio dos legumes subiu 9%.
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