São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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Aumento em postos de SP chega a R$ 0,04

CÍNTIA CARDOSO
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento nos preços da gasolina e do álcool já chegou às bombas de alguns postos. O preço do litro da gasolina subiu, em média, entre R$ 0,03 e R$ 0,04 para o consumidor, informa o Sincopetro, sindicato que reúne os postos no Estado de São Paulo.
"As distribuidoras alegam que o reajuste é reflexo do aumento do preço do álcool anidro e que não tem nada a ver com a alta do dólar e do preço do petróleo. Mas o fato é que ninguém quer aumento de preço, seja por qual motivo for", afirma José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro.
O Sincopetro reúne cerca de 8.300 estabelecimentos no Estado de São Paulo. O presidente do sindicato diz que os donos de postos temem que as vendas caiam ainda mais com os novos preços.
Para Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), o repasse de 1,5% para o preço final da gasolina está dentro do esperado e não causou surpresa. "Na composição da gasolina que é fornecida ao consumidor, entram 25% de álcool anidro. Em geral, quando o álcool aumenta ou diminui de preço, essa variação acaba sendo sentida", diz.
Para o consultor, porém, essa alta do álcool deve ser passageira. "Acreditamos que a produção da próxima safra [de cana] será boa."
O auto posto Rezilo, localizado no bairro da Pompéia, em São Paulo, já está vendendo o litro de álcool R$ 0,10 mais caro. O preço foi de R$ 0,79 para R$ 0,89 para o consumidor nesta semana.
"As vendas estão fracas. Mas só na semana que vem vamos ver mesmo o impacto na alta dos preços, já que, no final do mês, as vendas são sempre mais fracas", diz Giovani Cruz, frentista.
"Com certeza o consumo vai cair assim que os preços subirem", afirma José Eduardo Ferreira, supervisor do posto Parque Jabaquara. Segundo ele, a BR Distribuidora deve subir os preços a partir desta semana. "Nós pagamos para a distribuidora R$ 1,68 pelo litro da gasolina. O que ouvimos dizer é que esse valor deve subir para R$ 1,70", diz.
De acordo com David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e sócio da DZ consultoria, é pouco provável que os revendedores consigam manter esse nível de repasse médio de 1,5%. "O mercado já está muito justo. A concorrência deve fazer os preços caírem."
Quanto à dimensão do aumento, Zylbersztajn também afirma que a proporção do reajuste foi aceitável. "O mercado sucroalcoleiro está comportado. Não vi nada de excepcional no aumento."
Mas os preços da gasolina na bomba ainda podem estar sujeitos a mais um foco de pressão. Diante da manutenção do preço do barril de petróleo em torno de US$ 40 e com a cotação do câmbio em torno de R$ 3,20, analistas dizem que o preço da gasolina nas refinarias (tipo A) pode subir. "Isso pode acabar aumentando o preço da gasolina tipo C [a vendida nos postos], mas ainda não dá para dizer qual será o valor desses aumentos", diz Pires.


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