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Pacote muda política de preços para futura safra
Produtores poderão definir o preço mínimo da colheita antes do plantio
Governo diz que evitou mudança em tributação por ser questão "problemática", mas anunciará medidas em logística e infra-estrutura
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pacote de auxílio à agricultura, anunciado anteontem pelo governo federal, estabelece
uma mudança na estratégia de
garantia de preços para as próximas safras: antes do plantio
os produtores poderão definir o
preço mínimo dos produtos da
safra, enquanto o governo tentará auxiliar a empreitada com
valores do Orçamento -em
2007 serão US$ 2,8 bilhões-
destinados para leilões de compra da colheita.
O objetivo, de auxiliar os produtores e aliviar a crise enfrentada pelo setor, também foi a
alternativa encontrada pelo
Ministério da Agricultura ante
as negativas da Fazenda de benefícios tributários e desoneração de produtos. Os dois temas
são reivindicações antigas dos
produtores e motivos de bloqueios de estradas e outros protestos nos últimos meses.
"É um volume muito significativo. Não dá para amparar
100% da safra brasileira, mas já
vai servir de sinalização para o
mercado. Estamos trabalhando
para criar mecanismos para dar
mais estabilidade para os preços agrícolas", explicou o secretário de Política Agrícola do ministério, Ivan Wedekin, ontem.
A questão dos tributos não
foi abordada, disse o secretário,
por ser "problemática" e não
haver tempo para tal discussão.
Nos próximos meses o governo
deve anunciar novas medidas
em logística e infra-estrutura.
Dados mais detalhados sobre
o funcionamento da garantia
de preços ainda serão estudados pelo ministério.
A equipe técnica espera chegar a resultados nos próximos
quatro meses. "A gente entra
no saloon já atirando, depois é
que a gente coloca os alvos, às
vezes", exemplificou o secretário Wedekin.
Para Mauricio Galinkin, presidente do Centro Brasileiro de
Referência e Apoio Cultural, a
decisão de apoiar um preço final deveria vir acompanhada
de uma contrapartida dos produtores. "Só ficaria completo se
fosse instituído um imposto sobre a produção quando o preço
for ótimo no mercado, como
aconteceu há dois anos. Essa
taxa serviria para ressarcir os
recursos públicos", sugeriu.
O chamado pacote agrícola
disponibiliza R$ 60 bilhões para a safra 2006/2007, sendo R$
10 bilhões destes voltados para
a economia familiar. Aliado aos
recursos, o governo tentará estabelecer regras para baratear o
crédito, alongar dívidas da safra
atual e permitir aos inadimplentes renegociar débitos obtendo financiamentos novos.
O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, elogiou ontem o pacote e disse que até R$
4 bilhões em empréstimos do
banco poderão ser renegociados por produtores que estejam enfrentando dificuldades.
"Se não são as desejadas pelos
produtores, pelo menos são
[medidas] bastante razoáveis."
Segundo o vice-presidente,
as agências do BB estarão prontas para receber os produtores
interessados na renegociação
em cerca de duas semanas.
Colaborou NEY HAYASHI DA CRUZ ,
da Sucursal de Brasília
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