São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Bunge diz que investirá R$ 3,2 bi em fertilizantes

Investimentos serão destinados a quatro novos projetos para produção de fósforo

Recursos colocarão mais 1,2 mi de toneladas de fósforo no mercado, o que deve reduzir a dependência brasileira das importações

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O cenário mundial de alta de preços das commodities agrícolas começa a tornar viáveis investimentos no setor de fertilizantes, inclusive no Brasil. A Bunge Fertilizantes anunciou ontem investimentos de R$ 3,2 bilhões no setor no país.
Os investimentos, anunciados na solenidade em comemoração dos 70 anos da empresa no país, serão destinados a quatro novos projetos de expansão na produção de fósforo. Para Mário Barbosa, presidente da Bunge Fertilizantes, "o marco inicial é hoje".
Esses investimentos colocarão mais 1,2 milhão de toneladas de fósforo no mercado, o que deve diminuir a dependência brasileira das importações. Em 2007, o consumo brasileiro de fósforo foi de 4 milhões de toneladas (metade importada).
Os investimentos ocorrem no momento em que os fertilizantes se tornam um dos principais componentes de custos para os produtores e o governo brasileiro busca saídas para a elevação da produção nacional, ameaçando até com revisão de concessões de minas.
"Achar uma mina não é difícil. Mas é preciso uma série de estudos para saber se o projeto é viável ou não", diz Barbosa. Michel Prud'homme, da IFA (International Fertilizer Industry Association), concorda com Barbosa. "A mina tem de ter qualidade e tamanho para justificar os investimentos."
A situação brasileira na oferta de adubos e fertilizantes nos próximos anos não é muito confortável. Com importação de 74% das necessidades nacionais, o país tem condições de aumentar a oferta de fósforo, mas não possui potássio, e o nitrogênio depende do petróleo.
Mesmo assim, Prud'homme não colocaria o país em uma das piores situações no mundo. A Índia estaria em situação pior porque tem demanda maior. Além disso, os preços elevados das commodities dão maior margem aos produtores.
O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues diz que os preços atuais são apenas uma correção dos da década de 70. E, no cenário atual, muitos produtores, inclusive os de cana, vão usar menos adubos.
Para onde vão os preços dos fertilizantes? Esse é um item sobre o qual as indústrias não falam, mas Prud'homme deixa uma pista. O desequilíbrio entre oferta e demanda pode continuar nos próximos anos.
E os custos de produção vão continuar elevados. Um dos componentes de alta na produção dos fertilizantes é o próprio petróleo. Onera na hora da produção -devido aos custos da energia-, é uma das matérias-primas dos fertilizantes e ajuda a elevar os custos dos fretes, um item de peso no setor.

Investimentos
O maior investimento será em mina em Patrocínio (MG), com R$ 2 bilhões. A empresa investe, ainda, R$ 320 milhões em Araxá (MG) e R$ 565 milhões em Anitápolis (SC). Outros R$ 300 milhões serão investidos na expansão do complexo industrial da Fosfertil de Uberaba (MG) e das minas de Tapira (MG) e Catalão (GO).
As receitas da Bunge Fertilizantes poderão ser de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões neste ano. Em 2007, foram R$ 8 bilhões.


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