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Bunge diz que investirá R$ 3,2 bi em fertilizantes
Investimentos serão destinados a quatro novos projetos para produção de fósforo
Recursos colocarão mais 1,2 mi de toneladas de fósforo no mercado, o que deve reduzir a dependência brasileira das importações
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O cenário mundial de alta de
preços das commodities agrícolas começa a tornar viáveis
investimentos no setor de fertilizantes, inclusive no Brasil. A
Bunge Fertilizantes anunciou
ontem investimentos de R$ 3,2
bilhões no setor no país.
Os investimentos, anunciados na solenidade em comemoração dos 70 anos da empresa
no país, serão destinados a quatro novos projetos de expansão
na produção de fósforo. Para
Mário Barbosa, presidente da
Bunge Fertilizantes, "o marco
inicial é hoje".
Esses investimentos colocarão mais 1,2 milhão de toneladas de fósforo no mercado, o
que deve diminuir a dependência brasileira das importações.
Em 2007, o consumo brasileiro
de fósforo foi de 4 milhões de
toneladas (metade importada).
Os investimentos ocorrem
no momento em que os fertilizantes se tornam um dos principais componentes de custos
para os produtores e o governo
brasileiro busca saídas para a
elevação da produção nacional,
ameaçando até com revisão de
concessões de minas.
"Achar uma mina não é difícil. Mas é preciso uma série de
estudos para saber se o projeto
é viável ou não", diz Barbosa.
Michel Prud'homme, da IFA
(International Fertilizer Industry Association), concorda
com Barbosa. "A mina tem de
ter qualidade e tamanho para
justificar os investimentos."
A situação brasileira na oferta de adubos e fertilizantes nos
próximos anos não é muito
confortável. Com importação
de 74% das necessidades nacionais, o país tem condições de
aumentar a oferta de fósforo,
mas não possui potássio, e o nitrogênio depende do petróleo.
Mesmo assim, Prud'homme
não colocaria o país em uma
das piores situações no mundo.
A Índia estaria em situação pior
porque tem demanda maior.
Além disso, os preços elevados
das commodities dão maior
margem aos produtores.
O ex-ministro da Agricultura
Roberto Rodrigues diz que os
preços atuais são apenas uma
correção dos da década de 70.
E, no cenário atual, muitos produtores, inclusive os de cana,
vão usar menos adubos.
Para onde vão os preços dos
fertilizantes? Esse é um item
sobre o qual as indústrias não
falam, mas Prud'homme deixa
uma pista. O desequilíbrio entre oferta e demanda pode continuar nos próximos anos.
E os custos de produção vão
continuar elevados. Um dos
componentes de alta na produção dos fertilizantes é o próprio
petróleo. Onera na hora da produção -devido aos custos da
energia-, é uma das matérias-primas dos fertilizantes e ajuda
a elevar os custos dos fretes, um
item de peso no setor.
Investimentos
O maior investimento será
em mina em Patrocínio (MG),
com R$ 2 bilhões. A empresa
investe, ainda, R$ 320 milhões
em Araxá (MG) e R$ 565 milhões em Anitápolis (SC). Outros R$ 300 milhões serão investidos na expansão do complexo industrial da Fosfertil de
Uberaba (MG) e das minas de
Tapira (MG) e Catalão (GO).
As receitas da Bunge Fertilizantes poderão ser de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões neste ano.
Em 2007, foram R$ 8 bilhões.
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