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Crédito para empresas deve ficar mais difícil
ALINE VAN DUYN
ARKADY OSTROVKSY
DO "FINANCIAL TIMES'
Com os mercados de ações e bônus em choque depois da revelação da fraude na WorldCom, as
empresas de todo o mundo passaram o dia de ontem preocupadas
com sua capacidade de levantar
dinheiro daqui por diante.
Embora talvez seja cedo demais
para falar de uma "compressão de
crédito", a capacidade de empresas altamente endividadas, especialmente no setor de telecomunicações, para garantir financiamentos provavelmente será severamente reduzida.
"Os investidores decidiram fechar suas carteiras, e o apetite deles por risco não vai voltar até que
haja um período de calma nos
mercados de ações", disse Tim
Webb, administrador da carteira
de renda fixa na Barclay Global
Investors.
A fraude na WorldCom, depois
do colapso da Enron no ano passado, prejudicará ainda mais a
confiança na contabilidade e nas
projeções das empresas. Os investidores dizem que agora eles darão destaque a administração
confiável e dedicarão mais tempo
ao analisar a contabilidade.
Michael O'Connor, diretor de
pesquisa de bônus conversíveis
no Deutsche Bank, disse que
"quando as pessoas sentem que
não podem confiar nos números
que as empresas divulgam, torna-se difícil tomar uma decisão racional sobre o investimento com
base nesses números".
"Isso pode levar a problemas de
liquidez para empresas que têm
grandes montantes de dívida a refinanciar", acrescentou.
Custo mais alto
Os riscos associados ao setor de
telecomunicações acabaram por
influenciar outras empresas na
forma de custos mais altos de financiamento, mas os mercados
de dívida não se fecharam completamente, como aconteceu em
1998 depois do colapso do fundo
de hedge Long Term Capital Management.
"Até agora não vimos nada tão
sério quanto o congelamento dos
mercados depois da crise do Long
Term Capital Management", disse Bernard Hunter, diretor de
renda fixa na Merrill Lynch Investment Managers.
"No entanto, essa crise é específica em termos de setor. Um fabricante de equipamentos para telecomunicação não conseguiria colocar uma emissão de bônus agora, mas uma empresa de bens de
consumo poderia fazê-lo".
Depois da quebra da Enron, os
mercados se recuperaram com
rapidez -os mercados de bônus tinham voltado ao normal em duas
semanas, depois do colapso do
grupo de energia. Mas a Enron tinha menos dívida pendente. A
WorldCom, com dívidas de cerca
de US$ 30 bilhões, afeta número
maior de pessoas.
Os bancos, em particular, provam-se cada vez mais capazes de
dispersar os riscos associados a
empréstimos por uma cadeia de
outros participantes nos mercados de crédito.
Como reflexo disso, os ágios dos
bônus, que se ampliam quando a
percepção é de que os riscos estão
aumentando, no geral subiram,
ontem, ainda que as empresas
mais bem classificadas e os títulos
de dívida dos bancos tenham se
movido em apenas 10 a 15 pontos
básicos (0,1% a 0,15%).
Muitos investidores estão depositando sua fé no Fed (o banco
central dos EUA), apostando que
a instituição manterá a liquidez
dos mercados, permitindo que as
empresas continuem a tomar dinheiro emprestado. Alguns economistas começaram, até, a prever que o Fed recorrerá a um novo
corte de juros antes de impor uma
tendência de elevação. O Lehman
Brothers previu ontem que o Fed
não deve aumentar os juros antes
de março de 2003.
Tradução de Paulo Migliacci
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