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Para analistas, chance de dar calote é de 50%
DA REPORTAGEM LOCAL
A probabilidade de um default (calote) da dívida brasileira, na opinião de analistas estrangeiros, gira entre 30% e 50%. Para eles, o crescimento da economia do país neste ano não seria suficiente para sustentar o pagamento do serviço da dívida externa.
Ao mesmo tempo, no Japão, investidores preocupados se desfazem de títulos emitidos pelo governo brasileiro no mercado japonês.
De acordo com analistas, caso o
Brasil não tenha condições de
honrar seus compromissos e seja
obrigado a reestruturar parte de
sua dívida de US$ 274 milhões, a
crise pode se espalhar pela América Latina. Para outros economistas, porém, as consequências poderiam ir além das fronteiras da
América Latina.
"Se o Brasil entrar em default,
veremos calotes generalizados",
disse José Luís Daza, estrategista-chefe para mercados emergentes
do Deutsche Bank.
As incertezas foram motivadas
pelas indefinições políticas no
país. O mercado está preocupado
com as possíveis reformas que seriam promovidas após as eleições
presidenciais de outubro. Investidores temem que o líder das pesquisas, o oposicionista Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, altere a
política econômica brasileira.
Segundo o último levantamento
de intenções de voto, realizado no
dia 23 pelo Vox Populi, Lula teria
38% das intenções contra 21% de
José Serra, o preferido do mercado e pré-candidato do PSDB,
mesmo partido do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Para administradores de fundos, a situação não é tão ruim.
Eles dizem que poderiam voltar a
investir no Brasil caso haja uma
melhor definição no quadro político e uma queda no risco-país.
Bônus samurais
A turbulência na economia brasileira está refletindo no preço dos
títulos do país no mercado japonês. Esses papéis, conhecidos como bônus samurais, estão em
queda no Japão à medida que aumenta a preocupação dos investidores em relação ao país.
No fim da quarta-feira no Japão,
os títulos do governo brasileiro
estavam cotados a 91,63 ienes,
contra o preço de emissão de 100
ienes. Já os bônus samurais do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) eram cotados a 77,48 ienes,
contra preço de face de 100 ienes.
A fragilidade da economia dos
EUA aumentou a pressão sobre
os títulos emitidos por países
emergentes, inclusive os bônus
samurais brasileiros.
Apesar de preocupados com a
situação no país, analistas japoneses não acreditam que a situação
brasileira se aproxime da argentina. "Apesar desses problemas, a
situação brasileira é diferente daquela da Argentina. O Brasil é
mais competitivo na exportação e
está no caminho certo para reduzir sua dívida no futuro", disse
Takashi Shigeoka, economista-chefe do Nomura Research Institute. Além disso, disse, o país tem mais chance que a Argentina de conseguir apoio do FMI (Fundo
Monetário Internacional).
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