|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO EM PÂNICO
BC não intervém e moeda fecha em alta de 2,2%; risco Brasil continua o segundo maior do mundo
Dólar vai a R$ 2,885, novo recorde do Real
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar bateu novo recorde e fechou ontem em seu maior valor
em oito anos ou desde a existência
do Plano Real. A moeda americana subiu 2,2%, para R$ 2,885. No
mês, o dólar acumula valorização
de 14,7%; no ano, de 24,7%.
Pelo menos ontem, grande parte da crise veio de fora. A notícia
de que a americana WorldCom
cometeu uma fraude contábil de
US$ 3,8 bilhões prejudicou os
mercados pelo mundo.
O risco-país brasileiro subiu
mais 4,8%, para 1.709 pontos.
Continuou a ser o segundo maior
do mundo, atrás da Argentina.
"O caso WorldCom aumenta a
percepção de risco dos investidores, o que é ruim para os mercados emergentes. Como o mercado aqui já vinha nervoso, a tensão
cresceu ainda mais", diz Dawber
Gontijo, do HSBC.
O nervosismo do mercado brasileiro se estende há mais de um
mês e é agravado pela percepção
de investidores internacionais de
que o país pode dar um calote no
pagamento de sua dívida externa.
"A sensação é que, se coisas desse tipo acontecem nos EUA, imagine o que está ocorrendo nos
mercados emergentes", afirma
Helio Osaki, analista da Finambras. "A grande dependência do
Brasil de recursos externos torna
o país ainda mais vulnerável."
Investidores pelo mundo buscaram proteção ontem e houve
crescente procura pela segurança
do ouro, em um movimento de
aversão a qualquer risco.
"Mesmo que a incerteza tenha
crescido ainda mais, os atuais níveis de câmbio e risco brasileiros
são irracionais", avalia Clive Botelho, do banco Santos.
Alguns fatores internos também ajudaram a pressionar o dólar ontem, uma vez que todos os
outros indicadores financeiros
para o país reduziram suas perdas
durante o dia, amparados pela recuperação das Bolsas dos EUA.
Um deles foi o superávit primário de R$ 1,981 bilhão em maio
-pior resultado do ano.
"Houve preocupação em relação à capacidade de o país cumprir a meta do superávit deste ano
para 3,75% do PIB", afirma Osaki.
Segundo Botelho, há falta de dólares no mercado: "Há muitas dívidas de empresas vencendo e
que, devido às atuais condições,
não serão refinanciadas".
Doron Admoni, analista da
Lloyds TSB, acrescenta que o encerramento do primeiro semestre
eleva a procura pelo dólar no
mercado à vista para que empresas e bancos possam ajustar seus
balanços.
O Banco Central não fez nenhuma intervenção no mercado cambial ontem.
Texto Anterior: Presidente do BC sofre sabatina de investidores Próximo Texto: Frases Índice
|