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POLÍTICA MONETÁRIA
Tarifa de energia elétrica deve subir 19,4%, prevê banco
Dólar pressiona inflação, afirma BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A recente alta do dólar deve provocar aumentos nos preços dos
combustíveis e nas tarifas de energia elétrica nos próximos meses.
Segundo o Banco Central, esses
reajustes farão com que a inflação
deste ano fique próxima dos 5,5%
previstos pelo teto da meta fixada
pelo governo.
As projeções constam da ata da
reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) realizada na semana passada. Na ocasião, os diretores do BC decidiram
manter os juros básicos da economia em 18,5%.
De acordo com o documento, o
receio de que a alta do dólar provoque um aumento da inflação
impediu um corte nos juros. Para
o BC, ainda há dúvidas quanto ao
"caráter temporário da variação
cambial e à magnitude do seu repasse aos preços".
Em sua reunião de abril, o Copom estimava que o preço da gasolina iria sofrer uma redução de
6,6% ao longo de todo o ano de
2002. Essa projeção foi feita com
base na queda dos preços ocorrida em janeiro e fevereiro.
Desde então, o dólar acumulou
alta de 9%. Por isso, o BC reviu
para 4,5% a projeção para a queda
no preço da gasolina. Essa revisão
embute um reajuste de cerca de
2% que, nas contas do BC, deve
ocorrer até o final do ano.
Também por causa da alta do
dólar, o BC passou de 18% para
19,4% o aumento esperado para
as tarifas de energia elétrica. Para
o gás de cozinha, o reajuste previsto passou de 26,5% para 28%
-sendo que um aumento de
21,5% já ocorreu até agora.
Segundo o BC, o impacto do dólar sobre as tarifas públicas é mais
imediato do que nos demais preços praticados na economia. No
caso da gasolina, os reajustes são
calculados com base na variação
do preço do petróleo no mercado
internacional e da cotação da
moeda norte-americana.
Nas demais tarifas, os reajustes
são feitos com base em parâmetros fixados nos contratos firmados com as prestadoras dos serviços. Na maioria das vezes, esses
parâmetros são a taxa de câmbio
ou o IGP, índice de preços bastante influenciado pela alta do dólar.
Inflação
Por causa dos reajustes das tarifas, o BC elevou sua projeção de
inflação para este ano. Segundo a
ata da reunião do Copom, o aumento do IPCA (Índice de Preços
ao Consumidor Amplo) deverá ficar "em torno de 5,5%". Até o mês
passado, a projeção estava em 5%.
A meta para a inflação de 2002 é de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. O BC já disse, porém, que choques temporários sobre o nível de preços impedem que o centro da meta seja alcançado. Segundo a instituição, os juros básicos da economia são calibrados para manter a inflação entre 4,5% e 5% neste ano.
Na reunião da semana passada, o Copom manteve os juros e adotou um instrumento chamado viés de baixa. O mecanismo permite que o presidente do BC reduza os juros antes da próxima reunião do Copom, em julho.
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