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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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Transformar cooperativa fechada em aberta não será fácil, diz a OCB

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O estímulo que o governo concedeu às cooperativas de crédito não deve ter efeito tão rápido no país. Só um terço delas -são 1.452- estariam preparadas para se transformar em cooperativas de livre associação, agora autorizadas pelo governo. Além disso, as novas cooperativas, que podem surgir em municípios de até 100 mil habitantes, precisam estar filiadas a uma central, que só pode existir se houver a filiação de pelo menos três cooperativas.
"Não é tão fácil assim transformar uma cooperativa fechada em aberta", afirma Evandro Ninaut, assessor técnico da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Para que uma cooperativa de crédito fechada (formada por uma categoria profissional ou por funcionários de uma empresa) passe a ser aberta, ela precisa ter patrimônio mínimo de R$ 6 milhões (nas regiões metropolitanas) e de R$ 3 milhões (nas demais áreas). "Só que o patrimônio líquido médio de uma cooperativa de crédito no país é de R$ 1,8 milhão", afirma Ninaut.
A OCB estima que o incentivo dado pelo governo às cooperativas de crédito vai ter mais impacto no surgimento de novas cooperativas. Mas, ainda assim, há dúvidas sobre a possibilidade de organização das pessoas para criá-las por estarem localizadas em municípios pequenos.
"Como elas têm de estar ligadas a uma central, caso não exista uma na região, elas também vão ter de providenciar a abertura de uma", afirma Joel Santana, gerente de risco da LF Rating, empresa especializada em análise de risco.

Risco maior
Na estimativa da OCB, cerca de 480 cooperativas de crédito têm patrimônio superior a R$ 3 milhões, o que significa que elas têm condições de passar a ser de livre associação.
"Muitas não vão querer correr riscos com novos grupos de cooperados", afirma.
Santana diz que receber uma cooperativa aberta oferece mais riscos do que uma fechada. "Uma cooperativa de crédito de cafeicultores, por exemplo, vai correr mais riscos se abrir para trabalhadores da área têxtil, já que a cooperativa conhece mais o mercado de café."
Por essa razão, diz ele, o Banco Central, encarregado de fiscalizar as cooperativas de crédito, precisaria intensificar a fiscalização desse setor quando decide liberar a associação.
"A fiscalização é feita pelas centrais. Isso é o mesmo que dizer que a cooperativa fiscaliza ela mesma."


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