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Transformar cooperativa fechada em aberta não será fácil, diz a OCB
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O estímulo que o governo concedeu às cooperativas de crédito
não deve ter efeito tão rápido no
país. Só um terço delas -são
1.452- estariam preparadas para
se transformar em cooperativas
de livre associação, agora autorizadas pelo governo. Além disso,
as novas cooperativas, que podem surgir em municípios de até
100 mil habitantes, precisam estar
filiadas a uma central, que só pode
existir se houver a filiação de pelo
menos três cooperativas.
"Não é tão fácil assim transformar uma cooperativa fechada em
aberta", afirma Evandro Ninaut,
assessor técnico da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Para que uma cooperativa de
crédito fechada (formada por
uma categoria profissional ou por
funcionários de uma empresa)
passe a ser aberta, ela precisa ter
patrimônio mínimo de R$ 6 milhões (nas regiões metropolitanas) e de R$ 3 milhões (nas demais áreas). "Só que o patrimônio
líquido médio de uma cooperativa de crédito no país é de R$ 1,8
milhão", afirma Ninaut.
A OCB estima que o incentivo
dado pelo governo às cooperativas de crédito vai ter mais impacto no surgimento de novas cooperativas. Mas, ainda assim, há dúvidas sobre a possibilidade de organização das pessoas para criá-las por estarem localizadas em
municípios pequenos.
"Como elas têm de estar ligadas
a uma central, caso não exista
uma na região, elas também vão
ter de providenciar a abertura de
uma", afirma Joel Santana, gerente de risco da LF Rating, empresa
especializada em análise de risco.
Risco maior
Na estimativa da OCB, cerca de
480 cooperativas de crédito têm
patrimônio superior a R$ 3 milhões, o que significa que elas têm
condições de passar a ser de livre
associação.
"Muitas não vão querer correr
riscos com novos grupos de cooperados", afirma.
Santana diz que receber uma
cooperativa aberta oferece mais
riscos do que uma fechada. "Uma
cooperativa de crédito de cafeicultores, por exemplo, vai correr
mais riscos se abrir para trabalhadores da área têxtil, já que a cooperativa conhece mais o mercado
de café."
Por essa razão, diz ele, o Banco
Central, encarregado de fiscalizar
as cooperativas de crédito, precisaria intensificar a fiscalização
desse setor quando decide liberar
a associação.
"A fiscalização é feita pelas centrais. Isso é o mesmo que dizer
que a cooperativa fiscaliza ela
mesma."
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