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Juros ao cliente bancário voltam a subir
Taxa anual para pessoa física, que estava em 56,1% anuais em maio, passou para 56,6% na média até o último dia 12
Turbulência no mercado é responsabilizada pelo aumento, após taxa ter caído no mês passado para menor patamar desde 1994
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos a pessoas
físicas caíram pelo terceiro mês
seguido em maio, segundo levantamento do Banco Central,
mas voltaram a subir no começo deste mês, acompanhando a
turbulência no mercado.
No mês passado, os bancos
cobravam, em média, 56,1% ao
ano nos financiamentos a pessoas físicas, taxa que, apesar de
ainda elevada, é a menor desde
que o BC começou a calculá-la,
em julho de 1994. Em abril, a
média estava em 57,8%.
Uma parcial fechada pelo BC
no último dia 12, porém, já indicava uma nova alta dos juros,
com a taxa média subindo para
56,6% ao ano. O chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, atribui a elevação à instabilidade do mercado
financeiro nas últimas semanas, devido às dúvidas dos investidores quanto ao futuro dos
juros praticados nos EUA.
Esse nervosismo provocou
um aumento no custo de captação dos bancos, que é a taxa paga pelas instituições financeiras para tomar empréstimos no
mercado. Esse maior custo foi
repassado aos clientes.
Além disso, houve também
uma ligeira alta do do chamado
"spread" bancário -diferença
entre o custo de captação dos
bancos e as taxas pagas pelos
clientes. Entre abril e maio, o
"spread" dos empréstimos a
pessoas físicas caiu de 43 pontos percentuais para 41,1 pontos, mas chegou a 41,3 pontos
nos primeiros 12 dias de junho.
Lopes diz, porém, que a expectativa do BC é que, à medida
que a volatilidade recue, os juros bancários voltem a cair. "Eu
espero que a volatilidade diminua em breve", disse.
Segundo ele, os empréstimos
a pessoas físicas são os mais
afetados pela crise porque eles
são, em sua quase totalidade,
prefixados -ou seja, suas taxas
são fixadas no momento da liberação do empréstimo. Assim,
em momentos de nervosismo,
os bancos tendem a elevar um
pouco os juros cobrados para se
protegerem de eventuais altas
futuras nas taxas praticadas.
No caso dos créditos a empresas, boa parte das operações
são pós-fixadas, corrigidas pelo
câmbio ou algum indicador
atrelado à Selic. Turbulências
no curto prazo costumam afetar esse tipo de financiamento.
Entre abril e maio, os juros
nos empréstimos a pessoas jurídicas recuaram de 30,6% ao
ano para 29,7%. Neste mês, a
média continuou caindo e ficou
em 29,0% entre os dias 1º e 12.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) diz que a
queda dos juros em maio reflete, "além do corte da taxa Selic
de 1,25 ponto percentual de
março a maio deste ano, o aumento sazonal da concessão de
operações de crédito com taxas
de juros mais baixas".
Segundo os números do BC,
o volume de crédito disponível
no país chegou a R$ 654,685 bilhões no mês passado -32,6%
do PIB (Produto Interno Bruto). Embora ainda esteja distante da relação observada em
outros países, a proporção crédito/PIB está hoje no nível
mais alto desde junho de 2001.
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