São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Marina quer isenção no licenciamento para Angra 3

Ministra do Meio Ambiente ressalta que o processo para nova usina nuclear visa tanto a viabilidade econômica como a ambiental

PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que, apesar de derrotada na questão de Angra 3, ainda falta o licenciamento ambiental para que a obra seja autorizada. Questionada sobre o que restava fazer, afirmou que "existe um processo de licenciamento, que deve ser feito com isenção".
Marina falou que sua "posição política não será usada em benefício dessa ou daquela posição" no licenciamento, mas citou vários entraves e "graves problemas" para a construção de usinas nucleares no país.
"Não existem formas e meios seguros para os resíduos oriundos do procedimento de energia nuclear. Tanto é que vários países não têm mais investido nesse processo nos últimos 15 anos. No caso do Brasil não é diferente. Se não existe solução nos países mais desenvolvidos, por que haveria na realidade específica do Brasil?", indaga.
A declaração da ministra sobre o licenciamento de Angra 3 vem no momento em que o governo já enfrenta problemas para a autorização ambiental para a construção de outro empreendimento energético: as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira.
O prazo inicial dado pelo Ministério de Minas e Energia para as hidrelétricas do Madeira era o começo deste mês, mas venceu sem que o licenciamento fosse concedido. A nova expectativa era que a autorização viesse em meados do mês, o que também não ocorreu.
O governo espera a concessão do licenciamento de Angra 3 ainda neste ano para iniciar as obras, mas, dado o histórico do Madeira, não há nenhuma garantia de que isso vá ocorrer.
Porém, o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, estima que as obras da usina nuclear de Angra 3 devam começar em aproximadamente três meses. Segundo ele, não haverá problema no licenciamento ambiental porque a usina não oferece riscos.
"Eu fui nadar com os meus netos próximo à descarga da usina", disse. A descarga é o local pelo qual a água usada no processo de produção de energia é jogada no mar.
Para ele, os ambientalistas vão acabar tendo que se acostumar e aceitar a energia nuclear. "Na minha opinião, a energia nuclear é o filho bastardo dos ambientalistas".


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