São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Odebrecht investirá com força no álcool

Empresa deve anunciar nesta semana entrada no setor de biocombustível em parceira com ex-presidente da Unica

Braskem, controlada pela Odebrecht, já anunciou na semana passada produção de polietileno "verde" que precisará de álcool


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A cana-de-açúcar, um dos motivos da fundação da Odebrecht, volta novamente às prioridades da empresa. Ela anuncia amanhã a entrada no setor de álcool, ramo cobiçado no momento pelos principais grupos empresariais.
A empresa a ser criada pretende ser grande e terá investimentos pesados, apurou a Folha. Eduardo de Carvalho Pereira, que até ontem dirigia a Unica (União da Indústria Canavieira), entra como dirigente e sócio no empreendimento.
Participam, ainda, outros três investidores ligados à CZRE (Clayton Miranda, Zenilton Melo, Roger Haybittle, além de Eduardo), uma empresa criada após a saída de Pereira da Unica. Odebrecht e Pereira não quiseram comentar as informações.
Do início da década até ontem, Pereira esteve à frente da Unica, entidade que começou a ter projeção internacional com o novo boom bioenergético.
O ex-presidente da Unica foi um dos responsáveis pelas negociações entre indústrias automobilísticas e usinas para o avanço do carro flex no Brasil, o que deu novo fôlego à produção de álcool no país. A maioria dos novos carros vendidos hoje no Brasil é flex, o que garante mercado ao biocombustível no médio prazo. E a experiência brasileira começa a ser copiada em outras partes do mundo.
O início da Odebrecht remonta a 1918, quando Emílio Odebrecht se transferiu do Rio de Janeiro para Recife, cidade que se modernizava e se expandia devido ao desenvolvimento da economia canavieira. Em 1919, fundou a primeira empresa -a construtora Isaac Gondim e Odebrecht Ltda.
A Odebrecht terá ao menos uma grande parceira na compra de produtos, a Braskem, controlada pelo grupo, que anunciou na semana passada a produção do primeiro polietileno a partir de álcool de cana.
O polímero verde da Braskem -polietileno de alta densidade, uma das resinas mais utilizadas em embalagens flexíveis- deverá ser utilizado pelas indústrias automobilística, de embalagens alimentícias, de cosméticos e de artigos de higiene pessoal, segundo a empresa.
O início da produção do polietileno "verde" em escala industrial está previsto para o final de 2009. A localização da fábrica que o produzirá ainda não está definida.
A empresa terá capacidade para produzir até 200 mil toneladas por ano, uma capacidade que, quando implementada, deve exigir a produção de pelo menos seis usinas médias, segundo informação do setor.
Tendo como base a construção civil, a Odebrecht está atualmente em vários segmentos, desde a petroquímica a projetos de saneamento.

Internacionalização
Na década de 1980, a empresa intensificou seus negócios no exterior, começando pela construção da hidrelétrica de Charcani V, no Peru. Na seqüência, a empresa foi para Chile, Angola, Equador, Argentina, Portugal e EUA.
Um dos objetivos para 2010 é tornar a Odebrecht uma empresa global. O álcool combustível, produto procurado hoje por muitos países, deverá auxiliar nesse objetivo.


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