São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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PF prende oito em ação contra fraudes em importações

Grupo é acusado de sonegar R$ 50 mi anuais com subnotificação de notas de equipamentos de informática e produtos eletrônicos

Produtos chegavam ao país via empresas de fachada; "laranjas" dificultavam identificação do real importador, segundo polícia

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Polícia Federal prendeu ontem oito pessoas ligadas a importadoras e revendedoras de equipamentos de informática e eletrônicos e cumpriu 39 mandados de busca e apreensão em empresas de cinco Estados sob a acusação de descaminho, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Entre os presos, está o dono da Nave Informática Ltda., Pedro Agrizzi. Ele foi detido em sua casa no centro de Foz do Iguaçu (PR), na divisa da cidade paraguaia de Ciudad del Este, na Tríplice Fronteira, quando tentava pular um muro.
Denominada Columbus, a operação teve auxílio da Receita Federal e de duas agências policiais dos EUA (imigração e assuntos internos) na busca de documentos na sede de Miami (Flórida) da Nave.
Fornecedora de equipamentos de informática para lojas no varejo no Brasil, a Nave é suspeita de subnotificação de notas fiscais nas guias de importação para burlar o fisco. Tem ainda loja virtual na internet, em que seus principais produtos são notebooks e peças de reposição de computadores.
O superintendente da Receita no Paraná, Luiz Bernardi, disse que o esquema movimentava vendas num volume de US$ 250 milhões anuais no Brasil. O prejuízo ao fisco é estimado em R$ 50 milhões anuais. Além de Agrizzi, também foram presos em Foz dois executivos da Nave. Das demais prisões, uma foi em Curitiba e quatro em São Paulo (capital, Barueri, Campinas e Santos).
Um dos presos em Foz fora operador de câmbio do doleiro Toninho da Barcelona, detido na Operação Farol da Colina.
As oito prisões são temporárias, para permitir à investigação, iniciada há 11 meses, o recolhimento de provas. As buscas e as apreensões se deram em São Paulo, Paraná, Minas, Espírito Santo, Salvador e EUA. Escutas telefônicas indicaram que um servidor da Receita, que trabalhava em um porto seco de Varginha (MG), seria o responsável por passar informações para o grupo.
Segundo o superintendente da PF do Paraná, Alcyon Dalla Carbonare, os detidos também são suspeitos de formação de quadrilha, falsidade ideológica e crime contra o sistema financeiro. O modo de operação era semelhante ao detectado na Operação Dilúvio, de agosto de 2006, e das importações feitas pela loja de artigos de luxo Daslu, segundo a PF: os produtos chegavam ao Brasil por meio de empresas de fachada. Com "laranjas" à frente, o esquema dificultava a identificação do real importador e da empresa que encomendou a compra.
As mercadorias contratadas em Miami e Taiwan chegavam ao Brasil via portos (especialmente o do Espírito Santo) e pela aduana de Foz. A venda interna era feita sem nota fiscal. O ex-superintendente da PF no Paraná (que assumiu a regional de São Paulo) Jaber Saadi disse que a participação da polícia americana decorreu ""do trabalho conjunto" que já realizava com a PF em Foz.
O juiz substituto da 2ª Vara Criminal de Curitiba decretou segredo de Justiça no processo e não autorizou a divulgação dos nomes presos.


Colaborou CLAUDIA ROLLI, da Reportagem Local

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