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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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CRÉDITO

Ministro teria dado orientação ao presidente do BC; objetivo é estimular queda dos juros bancários

Palocci dá sinal verde para baixar compulsório

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O governo irá baixar nesta semana as taxas do recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo que as instituições financeiras são obrigadas a deixar no BC (Banco Central). O objetivo da medida é estimular uma queda nas taxas de juros dos bancos e dar início ao processo de reativação da atividade econômica.
De acordo com o que a Folha apurou, a orientação foi dada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ao presidente do BC, Henrique Meirelles, numa conversa por telefone, na sexta-feira passada.
O Brasil é o país que fixa as maiores taxas de compulsório no mundo. O compulsório fixado pelo BC hoje é de 68% sobre os depósitos à vista e de 23% sobre os depósitos a prazo. Na maioria dos países emergentes, a taxa é de aproximadamente 25%.
O depósito compulsório é um dos instrumentos de política monetária do BC. Por meio dele, é possível influenciar a quantidade de dinheiro que os bancos podem usar para conceder crédito. Quanto maior a parcela dos depósitos que os bancos têm que recolher, menor o volume de crédito na economia.
Ao pedir a Meirelles para baixar o compulsório, Palocci levou em consideração o fato de que essa medida poderia ajudar no processo de queda dos juros na economia, uma semana depois de o Banco Central ter reduzido em 1,5 ponto percentual na Selic (os juros básicos da economia)- de 26% para 24,5%.
A redução na taxa Selic não foi muito bem recebida por parte do mercado ou por ministros que compõem o núcleo duro do governo. A queda de apenas 1,5 ponto percentual foi considerada insuficiente para injetar mais ânimo na economia, principalmente num momento em que o desemprego bate recorde no país.
O governo mostrou sinais de preocupação com o agravamento da situação econômica, principalmente com as taxas recorde de desemprego. A decisão de baixar o compulsório deverá ser apenas o primeiro passo de uma série de medidas que serão adotadas nos próximos dias com o objetivo de tentar reativar a economia.
Na conversa com Meirelles, segundo a Folha apurou, Palocci se mostrou animado com alguns sinais positivos, entre eles os últimos números de venda de carros, que registrou um pequeno crescimento, e do índice de desemprego do Dieese, que teve ligeira melhora na semana passada.


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