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VESTUÁRIO
Peça perde lugar no guarda-roupa básico e leva empresas a mudar estratégias de marketing e produção
Janete Longo - 2.jun.98/Folha Imagem
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A consultora de moda Glória Kalil, para quem o jeans não é mais moda nem a única opção do básico
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Grifes se armam para revigorar jeans
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
O jeans, peça de vestuário mais
desejada pelos jovens até a década
passada, está levando grandes grifes a mudar estratégias de produção, marketing e distribuição para
revitalizar seus negócios no Brasil.
Usar uma calça velha, azul e desbotada já não soa mais como uma
única forma de se vestir com liberdade, como dizia a São Paulo Alpargatas, a marca US Top, numa
propaganda que ficou famosa na
metade da década de 70.
Os brins coloridos passaram a
ocupar um pedaço do mercado de
calças básicas, no qual, até pelo
menos a metade dos anos 80, reinava o índigo. O azul cedeu espaço
ao cáqui, em especial.
No Brasil, há um esforço de marcas famosas, como Levi's, Lee,
Staroup e M.Officer, para que os
consumidores usem com mais frequência os seus jeans.
Não é para menos. Até a consultora de moda Glória Kalil, citada
em música de Tom Jobim como
musa do jeans, por ser usuária e
empresária do ramo, confessa hoje que só tem duas peças no seu
guarda-roupa.
O jeans, para ela, é uma peça absorvida pelo guarda-roupa das
pessoas, mas não é mais moda
nem a única opção de roupa básica, como acontecia até a metade
da década passada.
Na moda
As grifes que se fizeram vendendo jeans e que sobreviveram, comenta Glória, foram as que optaram também pela linha fashion,
roupas de moda, e passaram a ter
produtos mais variados. As que
bateram pé no básico sofreram
mais e tiveram de se reestruturar.
"A luta deles agora é para que o
jeans volte a ser moda."
O mercado de calça jeans no
Brasil é estimado em 118,5 milhões
de peças anuais (97), e constitui
um dos mais pulverizados no setor de confecção. Qualquer marca
mais conhecida que se tenha em
mente não detém mais de 1% desse volume, pois são muitas as de
confecções menores à venda.
O que as grifes querem a partir
deste ano é pegar uma fatia maior
desse mercado e fazer do jeans
uma peça mais nobre, como foi no
passado. "O jeans era uma roupa
para qualquer ocasião. Hoje, é peça de fim-de-semana", diz Gloria.
Para resgatar a maneira mais
formal de usar a peça e aumentar
as vendas, as grifes estão se mexendo. A norte-americana Levi's
trocou sua diretoria no Brasil, colocou à venda sua fábrica para terceirizar a produção e cortar custos
e vai investir em mais lojas.
"Em três anos, queremos ser a
número um em jeans no Brasil e
na América do Sul", anuncia a filipina Maria Mercedes Corrales,
diretora-presidente da Levi
Strauss do Brasil.
Mercy, como é chamada pelos
colegas, fez parte da diretoria da
Levi's em Hong Kong, Malásia e
Cingapura. Está há poucos meses
no país para aumentar os negócios
da empresa.
A intenção, como afirma, não é
competir com marcas menores,
mas estar no topo das grifes que
vendem jeans com preços de mais
R$ 50 a unidade. Para isso, diz, a
empresa pretende vender nos próximos anos 2,5 milhões de calças.
Disputa
A Lee, outra marca norte-americana, também quer fazer barulho
no Brasil. Até recentemente, ela
era comercializada, sob licença,
pelo grupo Vicunha. Agora, está
de volta às mãos da VF, que traçou
estratégia mundial para resgatar a
marca e seu valor.
Assim como a Levi's, a Lee está
sendo produzida por terceiros, no
caso, pela Staroup. São 120 mil peças mensais. A intenção da empresa é expandir o número de franquias, que são 45, chegando a 100
em dois anos, e elevar a produção
para 200 mil calças por mês.
Ao mesmo tempo em que pretende expandir as franquias, a VF
quer tirar a marca de pontos-de-venda que não representam sua imagem, diz Antonio Carlos de Almeida, diretor-presidente
da VF do Brasil.
No ano que vem, a VF quer voltar forte com outra das suas marcas, a Wrangler, que, sob licença,
é vendida pela Hering. "Queremos consolidar a marca Lee em
dois anos e, com marcas mais populares, expandir a venda."
A calça Lee estava em 3.000 pontos-de-venda pelo país. A idéia é
vendê-la em 100 franquias e 500
multimarcas bem escolhidas.
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