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LUÍS NASSIF
Bresser e as Organizações Sociais
Em 1997, o Gasto Geral da
União com a antiga Fundação
Roquette Pinto foi de R$ 69,5
milhões. Já em 1998, o gasto foi
de R$ 39,5 milhões. Entre um
período e outro, em 16 de janeiro de 1998, a Fundação Roquette Pinto transformou-se
na primeira Organização Social brasileira, dentro do desenho concebido pelo ex-ministro da Administração e Reforma do Estado Luiz Carlos Bresser Pereira, com base no modelo inglês. Virou a Associação de
Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), mantenedora da TVE e da rádio MEC.
A empresa continua voltada
para o atendimento público e
não tem fins lucrativos -isto
é, não distribui lucros ou dividendos. Mas trabalha com metas de captação de recursos, a
partir da produção de programas e veiculação de publicidade institucional.
Como fundação de direito
privado, sem as amarrações da
Lei das Licitações, a entidade
conseguiu mais agilidade na
revisão de antigos contratos.
Apenas com o aluguel das máquinas de fotocópia, por exemplo, houve economia anual de
R$ 198 mil.
A TVE está trabalhando para ser auto-sustentável. Pelo
contrato de gestão firmado
com a União, o repasse federal
diminuiu de R$ 16 milhões em
1998 para R$ 13,2 milhões em
1999. No primeiro ano de OS,
foi compensado por uma arrecadação de R$ 3,5 milhões com
publicidade. Nos seis primeiros
meses de 1999, o faturamento
publicitário subiu para R$ 2,7
milhões (78% do valor total de
1998). No mesmo período, o faturamento com contratos de
produção saltou de R$ 12,6 milhões em 1988 para R$ 9 milhões apenas no primeiro semestre de 1999 (71% do total de
1998).
Como a OS não tem fins lucrativos, todo dinheiro arrecadado a mais é investido em
produções. Só na produção do
seriado "A Turma do Pererê"
(baseado na obra do Ziraldo),
todo gravado em película, foi
investido R$ 1,2 milhão. Já a série "Além-Mar" -que fala da
cultura dos países de língua
portuguesa-, também gravada em película, custou aproximadamente R$ 1 milhão e os
direitos de exibição foram
comprados pela Globosat.
Na rádio MEC, as mudanças
passaram pela criação de um
selo de gravação voltado para
músicos da MPB. Lá, os artistas têm plena liberdade para
escolher seu repertório, liberdade que atraiu o mais criativo
músico brasileiro: Hermeto
Pascoal, indicado para "padrinho" do selo.
Intelectual
Se a principal contribuição
de um intelectual à vida nacional é ligar seus radares no
mundo, identificar os movimentos mais relevantes e saber
adaptar essas mudanças à vida de seu país, não houve intelectual com ficha mais relevante nessa década que o ex-ministro do Mare, da Ciência e
Tecnologia, Luiz Carlos Bresser Pereira.
Contribuiu para o novo modelo de saúde, ajudou a conceituar de maneira brilhante o
novo papel do Estado e a consagrar o modelo das Organizações Sociais, do qual a Acerp é
o primeiro resultado relevante.
Ritmo
Quando se colocam as boas
idéias que surgem no governo
dentro da perspectiva do tempo, vê-se que são gotas d'água
dentro do oceano de mudanças de que o país necessitaria.
Nove anos após o início da
abertura, o Estado brasileiro
continua basicamente o mesmo. Idéias certas no ritmo errado.
"Rábula"
A propósito da coluna de sábado, "O Rábula do Planalto",
recebo os seguintes esclarecimentos do Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel:
* O projeto de lei que reinstituiu o regime automotivo para
o Nordeste chegou ao Congresso e lá recebeu emendas de
parlamentares, uma das quais
estendendo o regime de concessões a todas as indústrias
que meramente apresentassem projetos de instalação no
Nordeste até o final do ano.
* O projeto foi votado e remetido ao Planalto para veto
ou sanção. Nesse ínterim foi
substituído por uma nova MP,
fruto da reunião interministerial que decidiu pela redução
de 30% do IPI até 2010.
* A Receita foi incumbida de
redigir a nova MP, que vai
substituir o projeto aprovado
pelo Congresso, reduzindo os
incentivos para 30% do IPI. O
texto foi concluído apenas na
sexta-feira passada, encaminhado para a Casa Civil e ainda não divulgado, por falta de
tempo. Mas dele não consta o
gato na tuba, enfiado por parlamentares. Os incentivos serão específicos para a indústria automobilística. Portanto
quem enfiou o gato na tuba foram os parlamentares.
E-mail: lnassif@uol.com.br
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