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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Fiesp indica alta de 4,9% nas vendas do setor em julho, mas alerta que produção ainda está estagnada

Indústria de SP tem melhor mês desde 2002

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas reais, descontada a inflação, atingiram em julho a maior alta do ano na indústria paulista -expansão de 4,9% em relação ao mês anterior. Foi o melhor desempenho para esse indicador desde outubro de 2002, quando a elevação atingiu 5,9%.
O resultado "abre caminho", informa a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) -que apresentou ontem os dados-, para uma recuperação lenta do setor. Não impede, no entanto, que a produção nas fábricas continue patinando.
De janeiro a julho, por exemplo, a atividade industrial em São Paulo apresentou retração de 1,1% em relação a igual período do ano anterior. Em julho, o ritmo de produção ficou estável em relação a junho. Nem queda, nem alta.
Nesse levantamento, os resultados sobre a uso da capacidade instalada da indústria mostram, porém, perda de fôlego. A taxa de uso das máquinas estava em 79% no mês passado. Em julho de 2002, o número era maior -81,4%.
Outro indicador que retrata a produção, o total de horas trabalhadas nas fábricas de São Paulo, teve queda (0,7%) em comparação a julho de 2002.
Isso ocorre porque o ritmo de fabricação só deve voltar a patamares positivos depois que os estoques se reduzirem. O que as empresas estão vendendo é o estoque parado. Quando as vendas sobem, a empresa desova o que tem nos galpões -onde os produtos ficam parados em períodos de retração econômica- e depois fabrica mais.

Sem saltos
Mas, para que haja manutenção de vendas elevadas, é preciso levar em conta duas variáveis de peso. O tamanho real dos estoques em cada um dos setores e se haverá consistência nessa possível retomada nas vendas industriais.
"Ninguém fala em salto, explosão, expansão nas vendas. Esse será um aumento gradual", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
"Ainda há uma série de entraves, como renda em queda, e isso não pode ser desconsiderado. O que começa a acontecer é um processo evidente de ajuste de estoques da indústria", afirma.
O mais recente índice que mede o volume de mercadorias estocadas mostra elevação. Em julho, o indicador de nível de estoques da CNI (Confederação Nacional da Indústria) estava em 54,2 pontos, recorde para a série. Acima de 50 indica estoque indesejado.
Empresas de eletrônicos, por exemplo, registravam de 30 a 45 dias de mercadorias estocada no segundo trimestre (média). O ideal são 20 dias.
No entanto existe uma expectativa na Fiesp -e entre vários economistas- de uma melhora no nível de demanda no mercado interno e, logo, enxugamento de estoques. A entidade não fala em prazos. "Falar que em agosto teremos vendas em alta de novo e produção elevada é um chute", afirma Messer.
Segundo o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, uma retomada na produção e no emprego agora, por conta desses resultados positivos em vendas, está descartada. "Principalmente em emprego, isso vai demorar", afirma.
A possibilidade de uma expansão econômica vem sendo discutida entre especialistas há tempos. Isso por conta da queda na taxa Selic nos últimos dois meses. Ela serve como base para juros de financiamento para pessoas físicas. Se há redução, o crédito para compras fica mais barato.


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