UOL


São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMUNICAÇÕES

Mudança deve ocorrer no final do mês, segundo Anatel; pré-pago responde por 80% dos aparelhos móveis

Celular ultrapassa telefone fixo no país

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Fotomontagem de pessoas com celular na praça da República, em SP; número de aparelhos móveis aumenta em 500 mil por mês


GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Agosto de 2003 irá ficar marcado para a história da telefonia no Brasil. Será neste mês que o número de usuários de telefones celulares irá ultrapassar o de telefones fixos em funcionamento, um mês antes da previsão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Segundo o presidente da Anatel, Luiz Guilherme Schymura, essa já é uma realidade no mundo inteiro, que agora chega ao Brasil. De acordo com previsões da Anatel, ao final de agosto deverá haver cerca de 39,3 milhões de celulares em uso, enquanto o total de telefones fixos em serviço continuará na casa dos 39,1 milhões.
O Brasil, a quinta maior planta de telefonia do mundo, terá, a partir de agosto, cerca de 23 telefones móveis para cada cem habitantes.
Em julho, de acordo com a Anatel, o total de telefones móveis em uso no país era de 38,82 milhões, e o de fixos, 39,062 milhões. O número de celulares tem aumentado em cerca de 500 mil por mês.
Nessa comparação com os celulares não estão incluídos os cerca de 10 milhões de telefones fixos inativos (linhas instaladas que não estão em uso). Esses telefones foram instalados logo após a privatização da telefonia, em razão da perspectiva de um crescimento da economia maior do que a que se verificou no país. "Hoje, esses telefones constituem uma reserva técnica", diz Schymura.
Apesar de o avanço da telefonia móvel ser uma tendência mundial, no Brasil esse fenômeno se deu por alguns motivos específicos. O principal fator que ajudou a impulsionar o crescimento do celular foi a introdução do celular pré-pago.
De acordo com Schymura, quase 80% dos telefones móveis no país são pré-pagos. Nos outros países do mundo, como na Europa, onde também existe o pré-pago, a proporção é muito menor.
No Brasil, a Anatel constatou que muitas pessoas usam o pré-pago para serviços de rua, como de marceneiro, eletricista ou pedreiro. Isso explica, por exemplo, o fato de 7,8% dos domicílios no Brasil terem o celular e não o telefone fixo, segundo os números da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio).
O telefone celular pré-pago se tornou uma grande opção para a população pelo fato de ser muito barato. Uma pessoa pode manter um pré-pago por R$ 5 por mês só para receber chamadas, enquanto a assinatura do fixo está no mínimo em R$ 30, sem o aumento de 25% defendido pela Anatel e que está sub judice. Para Schymura, a tendência é que, a partir de agora, o número de celulares se distancie cada vez mais do número de telefones fixos.
O presidente da Anatel não atribui apenas ao pré-pago o crescimento do número de celulares no país. A competição entre as operadoras de telefonia móvel é outro fator determinante. Com a entrada da TIM e da Oi no mercado, os preços dos celulares têm caído significativamente.
Não só essas novas empresas têm feito promoções frequentes de preços. As já consolidadas, como o caso da Vivo, também estão se adequando a esse mercado. Muitos analistas acham até arriscada para as empresas essa concorrência. "A competição é sempre salutar", discorda Schymura.
O presidente da Anatel lembra que, quando o celular chegou ao Brasil, no início dos anos 90, era analógico, funcionava com muita deficiência, pesava muito e custava US$ 1.000. Hoje, são aparelhos digitais sofisticados, com visor colorido, velocidade muito maior, acesso à internet e mais baratos.


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Frase
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.